Pastagens bem manejadas são mais produtivas e longevas. O correto pastejo na altura recomendada para cada forrageira permite uma rebrota vigorosa da planta e melhor competição com plantas indesejáveis, além de permitir maior crescimento do sistema radicular com maior aproveitamento da água e nutrientes do solo. Quando a altura de corte e o tempo de rebrota não são respeitados, muitas raízes morrem, a rebrota é lenta e aumenta a presença de invasoras. A médio e longo prazo, a pastagem perde produtividade e pode demandar renovação completa, elevando custos de produção.
A altura de corte ideal varia conforme a espécie forrageira. Em gramíneas tropicais, como Brachiaria brizantha, recomenda-se iniciar o pastejo quando a planta atinge cerca de 35 a 40 cm e retirá-los quando atinge 15-20 cm, garantindo reservas suficientes para a rebrota. Já para capins do gênero Panicum, como o Mombaça e o Tanzânia, o manejo deve ser ainda mais rigoroso, pois essas espécies requerem intervalos mais longos para recuperação, geralmente entre 28 e 35 dias, dependendo das condições climáticas e do nível de fertilidade do solo. Respeitar esses parâmetros impacta diretamente na persistência do pasto e no desempenho animal, pois uma pastagem degradada compromete o ganho de peso e a taxa de lotação.
Outro fator essencial é o tempo de rebrota, que deve ser adequado ao ciclo fisiológico da forrageira. Quando os animais permanecem na área por muito tempo ou retornam antes da completa recuperação da planta, ocorre o superpastejo. Isso compromete a reposição das reservas energéticas das raízes, tornando a rebrota mais lenta e reduzindo a cobertura vegetal. O ideal é que a entrada dos animais aconteça no ponto de interceptação luminosa próximo a 95%, momento em que a planta maximiza a produção de biomassa sem comprometer a qualidade nutricional. Esse conceito de interceptação luminosa tem sido amplamente estudado e aplicado para ajustar corretamente a altura de entrada e saída do gado nos piquetes, otimizando a conversão da forragem em ganho de peso ou produção de leite.
Em áreas de manejo intensivo, recomenda-se o uso de técnicas como o pastejo rotacionado, que permite maior controle sobre o tempo de ocupação dos piquetes e oferece períodos de descanso adequados. Esse sistema melhora a eficiência de utilização da forragem, evita o superpastejo e proporciona melhor distribuição de fezes e urina, contribuindo para a ciclagem de nutrientes no solo.
Estudos mostram que o manejo correto do corte e da rebrota pode aumentar em até 30% a produção de forragem ao longo do ano, reduzindo a necessidade de suplementação alimentar. A relação entre altura de pastejo e produtividade em diferentes gramíneas, demonstra como o ajuste da altura de entrada e saída pode impactar a eficiência do sistema (Tabela 1).
Além da altura, é necessário um planejamento estratégico do pastejo rotacionado, permitindo que cada piquete tenha um período adequado de descanso. Essa abordagem reduz perda de raízes, favorece a ciclagem de nutrientes e mantém a oferta constante de forragem de alta qualidade ao longo do ano.
Outra prática fundamental é a adubação correta, baseada em análise de solo. A deficiência de nutrientes como nitrogênio, fósforo e potássio compromete a velocidade de rebrota e a densidade do pasto. A adubação nitrogenada, por exemplo, pode elevar significativamente a produção de massa verde e a taxa de lotação da área, permitindo mais arrobas por hectare.
Tabela 1 – Alturas recomendadas para o manejo das principais gramíneas forrageiras no Acre (Embrapa – Acre).
A correta gestão do corte e da rebrota é fundamental para garantir produtividade e longevidade das pastagens. Respeitar a altura ideal de pastejo e os períodos de descanso permite maior acúmulo de biomassa, melhora a competição com invasoras e reduz a necessidade de recuperação da área. O manejo inadequado pode resultar em degradação acelerada do pasto, aumentando custos com adubação corretiva e até mesmo renovação. Pequenos ajustes no manejo fazem grande diferença na rentabilidade da pecuária, permitindo ao produtor colher mais arrobas com menor custo. Com um planejamento adequado, é possível otimizar a produção de forragem, melhorar o desempenho dos animais e aumentar a lucratividade da atividade pecuária.