A produção de suínos no Brasil deve atingir cerca de 5,53 milhões de toneladas em 2025, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP). Para que o país se mantenha entre os maiores produtores e exportadores da proteína no mundo, pesquisadores têm buscado alternativas para uma produção mais sustentável e livre de antibióticos.
O Instituto de Zootecnia (IZ-Apta), vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, está focado em aprimorar a nutrição de leitões na fase de creche. O projeto "Resposta fisiológica de leitões desmamados suplementados com bacteriocina nisina e ácidos graxos de cadeia média" avalia os efeitos dessas substâncias em dietas iniciais sobre o desempenho dos animais, incidência de diarreia, parâmetros sanguíneos, microbioma, histologia intestinal e mediadores inflamatórios.
Segundo o pesquisador Fábio Enrique Lemos Budiño, o desmame é uma fase de grande estresse para os leitões, pois envolve separação da mãe, mudança de ambiente, transição da alimentação líquida para sólida e convívio com outros animais. "O uso de aditivos na dieta destes animais estimula o consumo, melhora a digestibilidade e reduz os transtornos alimentares no pós-desmame, impactando positivamente o desempenho", explica Budiño.
Além dos benefícios fisiológicos, a utilização desses aditivos evita a resistência bacteriana, permitindo que a carne suína brasileira atenda mercados que proíbem o uso de antimicrobianos. Isso amplia as possibilidades de exportação e reforça a posição do Brasil entre os maiores produtores e exportadores globais.
A nisina, um peptídeo produzido por bactérias comuns no leite, atua como um antibiótico natural contra bactérias Gram-positivas, inibindo a multiplicação de agentes patogênicos e modulando positivamente a microbiota intestinal. Já os acidificantes apresentam atividade antimicrobiana, melhoram a digestão de proteínas e influenciam positivamente as vilosidades intestinais, promovendo maior eficiência alimentar nos leitões.