Trump e o ‘tarifaço’: impacto direto na agricultura, pecuária e economia global

Setor agropecuário sofre com incertezas, enquanto mundo se prepara para turbulências

Fred Almeida
13/02/2025 15h24 - Atualizado há 1 semana
Trump e o ‘tarifaço’: impacto direto na agricultura, pecuária e economia global
Foto: Reprodução

Desde que Donald Trump reassumiu a presidência dos Estados Unidos, acompanho atentamente as suas decisões econômicas e percebo como elas afetam diretamente o setor agropecuário. As novas tarifas sobre importações de aço e alumínio não são apenas um problema industrial, mas um golpe certeiro na competitividade dos produtores rurais americanos e, por consequência, de mercados como o brasileiro.

O temor de retaliações comerciais já começou a impactar os preços da soja e do trigo na Bolsa de Chicago, e o efeito pode se espalhar rapidamente para outras commodities. Se a China ou outros grandes importadores resolverem responder às medidas protecionistas de Trump, os produtores americanos podem perder importantes mercados, levando a uma queda nos preços globais. Para o Brasil, que é um dos maiores exportadores de soja do mundo, isso pode representar um aumento na concorrência, mas também um risco de volatilidade.

No setor pecuário, vejo uma preocupação crescente. A taxação sobre o aço encarece a construção de silos, armazéns e equipamentos agrícolas, elevando o custo de produção. Além disso, se houver restrições às exportações americanas de carne para a Ásia, a oferta no mercado interno dos EUA pode aumentar, pressionando os preços para baixo. Isso pode beneficiar os consumidores americanos no curto prazo, mas prejudica a rentabilidade dos pecuaristas, levando a um efeito cascata que se reflete no Brasil e em outros países exportadores.

Efeitos para além da agropecuária
Mas as consequências das políticas tarifárias de Trump não param por aí. A elevação dos preços nos EUA pode forçar o Federal Reserve a aumentar os juros, tornando o dólar mais forte. Isso dificulta a vida de países emergentes como o Brasil, que dependem de investimentos externos e veem suas dívidas em dólar encarecerem.

Enquanto os EUA tentam proteger suas indústrias, outros países despreparados para esse cenário enfrentarão dificuldades. Nações que dependem da exportação de matérias-primas podem sofrer com a menor demanda global, e economias frágeis terão ainda mais dificuldades para crescer. Além disso, as incertezas geradas pela guerra comercial podem adiar investimentos estratégicos, como infraestrutura e inovação, travando o desenvolvimento em diversas partes do mundo.

O cenário se torna ainda mais crítico diante das mudanças climáticas, que já impõem desafios à produção agrícola. Secas, enchentes e eventos climáticos extremos exigem um comércio internacional ágil e eficiente para equilibrar a oferta e a demanda de alimentos. Se as barreiras tarifárias dificultarem essa dinâmica, a segurança alimentar global pode ser comprometida.

Olhando para o futuro, percebo que Trump está jogando um jogo perigoso. Suas tarifas podem beneficiar setores específicos nos EUA, mas os efeitos colaterais podem ser devastadores tanto para os americanos quanto para o restante do mundo. Se a estratégia de "América Primeiro" resultar em uma recessão global, todos pagarão o preço.


Notícias Relacionadas »