05/12/2024 às 15h13min - Atualizada em 05/12/2024 às 15h13min
Associações do agro brasileiro devem exigir políticas públicas para o fim das queimadas e do desmatamento na Amazônia
Chuvas das Terras Indígenas são fundamentais para a segurança hídrica e econômica do Brasil, e sua preservação deve ser prioridade nas políticas públicas
Fred Almeida
Foto: reprodução A crise ambiental que enfrentamos no Brasil, especialmente na Amazônia, exige uma reflexão urgente sobre a responsabilidade das associações que representam o agronegócio. Não podemos mais fechar os olhos para a destruição dos biomas brasileiros, que traz sérias consequências para a nossa economia e para o futuro do setor agropecuário. As queimadas e a derrubada de árvores, que ainda ocorrem em larga escala, não podem ser ignoradas por quem depende da terra e da chuva para produzir alimentos e gerar riqueza.
Segundo um estudo inédito do Instituto Serrapilheira, as chuvas nas Terras Indígenas da Amazônia, áreas de preservação fundamental, têm um papel crucial para o abastecimento hídrico das regiões produtoras do Brasil. Essas chuvas, que abastecem 80% das atividades agropecuárias no país, são resultado da reciclagem de água nas florestas preservadas dessas terras. O impacto econômico é imenso: em 2021, a produção agropecuária nas regiões que recebem essa chuva gerou cerca de R$ 338 bilhões, o que representa 57% da renda nacional do setor. No entanto, a degradação dessas áreas pode comprometer essa receita, colocando em risco a segurança alimentar e hídrica do Brasil.
A proteção das Terras Indígenas e das áreas de preservação permanente é uma questão estratégica para o agronegócio. O estudo revela que a agricultura e a pecuária no Brasil consomem até 50% da água disponível no país. Ou seja, sem a chuva proveniente da Amazônia, a produção agropecuária estaria seriamente comprometida, afetando não apenas os grandes produtores, mas também a agricultura familiar, que é responsável por mais de 50% da produção destinada ao mercado interno.
Ainda assim, estados como Rondônia e Mato Grosso, que estão entre os mais beneficiados por essa chuva, figuram também entre os maiores desmatadores da Amazônia. O que nos leva a um questionamento essencial: até quando as associações do agronegócio continuarão aceitando práticas que, além de ilegais, comprometem o próprio futuro do setor? O desmatamento e as queimadas não são apenas questões ambientais, mas também econômicas. A degradação dessas terras afeta a capacidade produtiva do país, e isso se reflete diretamente na rentabilidade das propriedades rurais e na segurança alimentar de todos os brasileiros.
O momento é de ação. As entidades que representam o agronegócio devem cobrar, de maneira firme, políticas públicas mais eficazes no combate às queimadas e ao desmatamento ilegal. As Terras Indígenas não devem ser vistas apenas como territórios a serem preservados, mas como elementos essenciais para a manutenção de uma agricultura viável e sustentável. Exigir a proteção dessas áreas não é apenas uma questão ambiental, mas uma questão econômica vital para o futuro do Brasil.
As mudanças climáticas já estão mostrando seus efeitos, e os dados são claros: sem a preservação das florestas, no médio e longo prazo. o agronegócio brasileiro corre sérios riscos. A preservação das Terras Indígenas na Amazônia e das áreas de preservação permanente é uma das melhores maneiras de garantir que o Brasil continue a ser um dos maiores produtores agrícolas do mundo. O agronegócio deve, portanto, se unir em defesa de políticas públicas que assegurem a preservação dessas áreas, essenciais para o nosso futuro econômico e ambiental.