A saída dos EUA do Acordo de Paris pode provocar efeito dominó e impactos na COP-30
A retirada dos EUA pode enfraquecer os esforços climáticos globais, mas oferece uma chance para o Brasil se destacar na luta contra o aquecimento global
Fred Almeida - Informações CNN Brasil e BdF
23/01/2025 10h23 - Atualizado há 6 dias
Foto: Alan Santos /PR
Quando Donald Trump anunciou a retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris, a decisão causou grande repercussão. O movimento, que será efetivo em um ano, levanta questões sobre os impactos dessa saída, especialmente em relação ao combate global ao aquecimento global. Com os EUA sendo uma das maiores economias e um dos principais emissores de gases de efeito estufa, sua saída pode abrir um buraco no Acordo de Paris e desencadear um “efeito dominó” com outros países também diminuindo seu compromisso.
Essa retirada representa um retrocesso para as metas climáticas globais, alertam especialistas. Destaca que os EUA, com sua grande contribuição para as emissões globais, poderiam inspirar outros países a reduzir seu engajamento no pacto climático. Em um contexto de temperaturas recordes, como o de 2024, que registrou o ano mais quente da história, a pressão sobre as nações signatárias do Acordo de Paris é ainda mais intensa.
Com a saída dos EUA, a COP-30, marcada para acontecer no Brasil em Belém, ganha ainda mais relevância. O embaixador André Corrêa do Lago, presidente da conferência, ressaltou que os EUA são fundamentais para as negociações climáticas. "A ausência deles nas discussões será um grande desafio", afirmou Corrêa, destacando que o país é um dos maiores emissores de CO2 e líder em inovação tecnológica para o combate às mudanças climáticas.
No entanto, a ausência dos EUA pode oferecer ao Brasil a chance de assumir um papel de liderança. O país, que abriga grande parte da Amazônia, enfrentará pressão para intensificar suas ações contra o aquecimento global. A COP-30 será uma oportunidade para o Brasil reunir os países signatários e promover metas mais ousadas de adaptação e mitigação às mudanças climáticas.
Para alguns especialistas, a saída dos EUA pode até impulsionar outros países a se comprometerem mais com o combate às mudanças climáticas. Claudio Angelo, do Observatório do Clima, lembra que os EUA sempre foram um obstáculo nas negociações multilaterais e, sem sua presença, o mundo pode ser forçado a agir de maneira mais eficiente e focada. "Com ou sem os EUA, a luta contra o clima precisa seguir", disse Angelo.
Enquanto isso, o Brasil tem demonstrado avanços, como a redução do desmatamento na Amazônia. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostram uma diminuição de 22,3% no desmatamento em 2024, o que é visto como um bom sinal para a COP-30. André Guimarães, do Ipam, acredita que o Brasil tem a oportunidade de liderar pelo exemplo e influenciar outros países a aumentar suas ambições climáticas.
Embora a retirada dos EUA do Acordo de Paris tenha um impacto negativo no esforço global, ela não diminui a importância do pacto. O Acordo de Paris permanece como a única plataforma global em que todas as nações podem se engajar igualmente na luta contra o aquecimento global. A relevância do acordo continua inabalável, mesmo sem os EUA, que perderão influência nas negociações, permitindo que outros países assumam um papel mais ativo e responsável nas metas climáticas.