Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) revelou que a acidificação do solo pode ser uma estratégia eficaz para a recuperação do Cerrado. Publicada na revista Restoration Ecology, a pesquisa demonstrou que a aplicação de sulfato ferroso reduziu em 70,7% a presença de gramíneas invasoras sem prejudicar o crescimento de espécies nativas.
O experimento foi realizado no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, onde uma área degradada por pastagem desde os anos 1980 foi alvo de restauração. Após a retirada do capim exótico e a semeadura de espécies nativas, as invasoras voltaram a dominar o espaço. A aplicação de sulfato ferroso, que torna o solo mais ácido e menos nutritivo, ajudou a restaurar as condições naturais do Cerrado, favorecendo a vegetação original e dificultando a proliferação das gramíneas africanas.
Os pesquisadores apontam que a técnica pode ser combinada com outras estratégias para recuperar áreas degradadas. Além do sulfato ferroso, materiais como resíduos do processamento da cana-de-açúcar podem ser alternativas viáveis para a acidificação em larga escala. Contudo, antes de uma aplicação massiva, é necessário avaliar custos e possíveis impactos ambientais. O estudo reforça a importância de restaurar não apenas a vegetação, mas também os microrganismos do solo, fundamentais para a ciclagem de nutrientes no Cerrado.