22/11/2024 às 16h33min - Atualizada em 22/11/2024 às 16h33min

​Avanços e hesitações na COP 29; urgência nos consensos ainda é crucial para o futuro do planeta

Fred Almeida
Foto: redes sociais
A COP 29, que acontece em Baku, Azerbaijão, está sendo marcada por intensos debates, hesitações e avanços, especialmente nas questões relacionadas à adaptação climática. As negociações sobre os indicadores do Objetivo Global de Adaptação já avançaram. No entanto, há uma urgência que não pode ser ignorada: a necessidade de consenso para a redução das emissões de gases de efeito estufa, algo que ainda está muito distante de ser alcançado de forma consistente.

Como diretor de sustentabilidade, vejo com preocupação que, apesar do progresso nas questões de adaptação, as negociações sobre mitigação e os compromissos de redução de emissões não têm avançado com a mesma rapidez. Precisamos lembrar que o tempo é um recurso finito quando falamos sobre o clima. A janela de oportunidade para limitar o aquecimento global a 1,5°C, conforme estabelecido pelo Acordo de Paris, está se fechando rapidamente. O mundo não pode se dar ao luxo de esperar mais uma década para começar a implementar as ações necessárias.

Além disso, o Brasil desempenha um papel importante na COP 29, liderando um grupo que trabalha pela criação de um novo financiamento para a preservação ambiental. No entanto, apesar desses esforços, um levantamento alarmante mostrou que as queimadas no Brasil aumentaram mais de 100% em relação ao ano passado. Entre janeiro e outubro de 2024, cerca de 30 milhões de hectares foram devastados pelas chamas, uma área 120% maior do que o total queimado no mesmo período do ano anterior. Esse aumento, impulsionado pela seca que atingiu grande parte do país, indica que as mudanças climáticas atinge os biomas brasileiros e a necessidade urgente de ação.

Proteger as florestas brasileiras continua sendo uma prioridade na COP 29. O Brasil é um dos países integrantes da coalizão "Unidos por Nossas Florestas", criada na COP 28, com o objetivo de criar um posicionamento comum para a conservação e restauração florestal. Este grupo de 18 países busca formular um fluxo financeiro para premiar aqueles que estão conservando a biodiversidade e combatendo o desmatamento. Essa iniciativa é fundamental para promover uma economia baseada nas florestas e fortalecer os mecanismos de fiscalização e controle.

Em outro front, um grupo de 25 países, majoritariamente ricos, se comprometeu a não inaugurar mais usinas a carvão sem sistemas de captura de CO2, um dos principais responsáveis pelo efeito estufa. No entanto, esse compromisso não obriga os países a desistirem da extração e exportação de carvão, o que levanta questões sobre a eficácia dessas promessas em termos de mitigação das emissões.

Porém, não se pode falar de clima sem abordar também a luta contra o racismo ambiental. O termo, criado para descrever a desigualdade com que populações marginalizadas, como negras, indígenas e quilombolas, são afetadas por problemas ambientais como poluição, enchentes, secas e desmatamento. Essas populações estão entre as mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas, e muitas vezes não ocupam a posição central nas discussões e soluções políticas, o que é uma falha a ser corrigida.

A COP 29 reflete nossa capacidade de trabalhar juntos para enfrentar os desafios climáticos globais, mas o progresso nas negociações de adaptação e a resistência nas negociações de mitigação ainda representam obstáculos a serem superados. O tempo é curto, e as próximas horas desta quinta-feira (21) até o final de semana, serão decisivas para definir o rumo das políticas climáticas globais. Como profissionais da sustentabilidade e líderes corporativos, precisamos continuar pressionando por um consenso global mais forte e compromissos mais audaciosos, porque a nossa capacidade de preservar o planeta depende disso.

O futuro do clima está em nossas mãos, e ele exige ação urgente.

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