07/11/2024 às 10h33min - Atualizada em 07/11/2024 às 10h33min

Trump na Casa Branca e agronegócio brasileiro

Retorno do protecionismo e novas oportunidades no mercado chinês podem impactar o setor de forma decisiva

Pecuária Verde - Com Monetymes e Agrolink
Foto: reprodução
Donald Trump voltou à Casa Branca, surpreendendo o mundo ao vencer Kamala Harris e assumindo o posto de maior autoridade econômica do planeta. Para o agronegócio brasileiro, sua vitória traz expectativas misturadas de oportunidades e desafios que precisam ser compreendidas de maneira estratégica. E eu, como alguém que acompanha de perto os rumos do setor, me pergunto: o que o retorno de Trump representa para o agro brasileiro?

Uma das questões centrais é o ressurgimento do protecionismo norte-americano. Se o novo governo Trump decidir elevar tarifas sobre produtos de outros países, como já fez em seu primeiro mandato, nossa relação comercial com os EUA pode ser afetada, principalmente no que diz respeito à exportação de produtos agrícolas. Por outro lado, essa política protecionista tende a se estender à China, o que pode abrir caminho para que o Brasil conquiste ainda mais espaço no mercado chinês.

Foi o que aconteceu na última guerra comercial entre EUA e China, em 2018, quando o Brasil viu suas exportações de soja para os chineses baterem recordes, superando até os volumes norte-americanos. Uma retaliação da China a novas tarifas dos EUA pode novamente beneficiar nosso agronegócio, com o aumento da demanda por commodities brasileiras como carnes, milho e algodão.

Contudo, as barreiras tarifárias norte-americanas não são o único ponto de impacto. Um governo Trump geralmente eleva a volatilidade nos mercados financeiros globais, o que pode complicar o cenário de crédito para o Brasil. Juros altos nos EUA, alimentados por medidas que Trump possa adotar, têm o poder de encarecer os financiamentos e reduzir a liquidez. Para o agronegócio brasileiro, isso significa maior dificuldade de acesso a crédito, essencial para manter a competitividade no mercado global.

Outro fator que merece atenção é a proposta de Trump de limitar políticas de apoio ao setor agrícola norte-americano. Em campanha, ele deixou claro que pretende reformular o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) para torná-lo mais enxuto. Essa decisão pode impactar a produção agrícola americana e, indiretamente, abrir mais espaço para os produtos brasileiros. No entanto, essa aparente oportunidade vem com um risco: se Trump realmente endurecer as políticas contra a imigração, a produção agrícola dos EUA pode sofrer com a falta de mão de obra estrangeira, o que afetaria o mercado global, criando uma incerteza que também impactaria o Brasil.

Em suma, o cenário é de desafios, mas também de oportunidades para o agro brasileiro. O momento pede uma estratégia clara para se beneficiar das brechas que Trump pode abrir na relação comercial dos EUA com a China, mas sem perder de vista as dificuldades que o protecionismo e a instabilidade econômica trarão. No final, caberá ao setor e ao governo brasileiro agir com agilidade para transformar os potenciais desafios em vantagens competitivas.

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