21/10/2024 às 11h05min - Atualizada em 21/10/2024 às 11h05min

​Crise hídrica ameaça produção mundial de alimentos até 2050, diz relatório

Especialistas alertam para a necessidade urgente de novas políticas e práticas de gestão da água para evitar danos econômicos e sociais

- Da Redação, com Folha de S. Paulo
Foto: Divulgação / Assembleia Legislativa de São Paulo
Mais da metade da produção global de alimentos pode estar seriamente comprometida até 2050 caso medidas urgentes para enfrentar a crise hídrica não sejam adotadas, conforme apontado por relatório divulgado por líderes e especialistas, na última quinta-feira (17). Segundo a Comissão Global sobre a Economia da Água (GCEW), quase 3 bilhões de pessoas vivem em regiões onde o armazenamento de água já apresenta sinais de declínio, o que coloca em risco o abastecimento e a segurança alimentar.
 
O estudo, intitulado "A economia da água: valorizar o ciclo hidrológico como um bem comum global", destaca que a crise hídrica poderá provocar uma queda de até 8% no Produto Interno Bruto (PIB) dos países ricos e de até 15% nos mais pobres até a metade do século. A combinação de fatores como a mudança nos padrões de chuva, o aquecimento global e a má gestão dos recursos hídricos contribuem para o agravamento do problema.
 
Mudança de paradigma é essencial
Para os especialistas, é fundamental tratar a água como um bem comum global, o que exigirá colaboração internacional e uma transformação profunda nas políticas de governança dos recursos hídricos. "Já não podemos confiar na chuva como fonte segura de água doce devido às mudanças climáticas e ao uso inadequado da terra", afirmou Johan Rockström, diretor do Instituto de Potsdam e um dos líderes da comissão.
 
O relatório também chama a atenção para a necessidade de uma "nova economia da água", baseada em políticas inovadoras e no financiamento de soluções integradas. Entre as ações propostas, estão a revisão de subsídios em setores que consomem muita água, a promoção de técnicas agrícolas mais eficientes, como a microirrigação, e o incentivo a dietas de base vegetal.
 
Impactos já sentidos pelos mais vulneráveis
A crise da água já afeta, de forma mais intensa, as populações mais pobres, com mais de mil mortes diárias de crianças menores de cinco anos devido à falta de saneamento e água potável. O relatório adverte que, sem uma gestão adequada, todas as regiões enfrentarão as consequências de um ciclo hídrico desregulado, comprometendo o combate às mudanças climáticas e a sustentabilidade econômica global.
 

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