11/10/2024 às 12h19min - Atualizada em 11/10/2024 às 15h00min
AMA Brasil repudia proposta de aumento da tarifa de importação do nitrato de amônio
Alteração pode encarecer fertilizantes e prejudicar a competitividade da agricultura brasileira, alerta entidade
- Da Redação, com Canal Rural
Foto: Reprodução A possível alteração na alíquota de importação do nitrato de amônio, elevando a tarifa de 0% para 15%, foi duramente criticada pela Associação dos Misturadores de Adubos (AMA Brasil). Segundo a entidade, que representa mais de 60 misturadores de fertilizantes no país, a medida traria um impacto significativo nos custos de produção agrícola, especialmente em setores como o de cana-de-açúcar e café, que dependem diretamente desse insumo.
O nitrato de amônio é uma matéria-prima essencial para a produção de fertilizantes nitrogenados, sendo que apenas 15% do volume consumido no Brasil é produzido internamente. A maior parte – cerca de 85% – é importada, o que torna a agricultura brasileira altamente dependente do mercado externo. “Essa mudança é um grande retrocesso e contribui para o aumento dos custos dos fertilizantes no Brasil, o que afeta diretamente a competitividade do setor”, afirmou a AMA Brasil em nota.
A única produtora nacional do nitrato de amônio, localizada em Cubatão (SP), tem capacidade limitada de produção, gerando apenas 416 mil toneladas anuais, das quais apenas 35% são destinadas ao uso agrícola. A AMA Brasil destaca ainda que a empresa enfrenta desafios logísticos significativos, com a distribuição feita predominantemente por
rodovias, o que encarece ainda mais o transporte e limita a competitividade do produto no mercado interno.
De acordo com a associação, o Brasil consome aproximadamente 1,5 milhão de toneladas de nitrato de amônio por ano, e qualquer medida que restrinja as importações, como a proposta de elevação da tarifa, poderá agravar os já elevados custos de produção agrícola no país. O nitrato de amônio é amplamente utilizado em culturas de alta relevância econômica, como cana-de-açúcar e café, que exigem fertilizantes nitrogenados para maximizar a produtividade.
A iniciativa de elevar a tarifa partiu da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), que representa os interesses da indústria nacional. No entanto, para a AMA Brasil, essa medida desconsidera a realidade da produção agrícola e a dependência do setor em relação às importações. "O setor agrícola já enfrenta inúmeros desafios, e onerar ainda mais o custo dos insumos essenciais só prejudica a competitividade do Brasil no mercado global", reforça a entidade.
Agora, o setor aguarda a decisão das autoridades sobre a proposta, temendo que, caso a alteração seja aprovada, o aumento dos preços dos fertilizantes comprometa a viabilidade econômica de diversas culturas e reduza a competitividade dos produtores brasileiros em um mercado internacional cada vez mais exigente.