06/02/2024 às 09h21min - Atualizada em 06/02/2024 às 09h21min

Mercado do boi em semana lenta e boas perspectivas para a carne brasileira

Fabiano Reis
Foto: Reprodução
Os preços da arroba do boi gordo cederam em muitas praças brasileiras, além de poucos negócios estabelecidos. Estas devem ser as características do cenário até o final da primeira quinzena de fevereiro, onde devemos ver o mercado reagindo de maneira mais clara em torno dos efeitos já citados em nossa coluna “De Olho no Mercado”, dos salários, do Carnaval e retorno total das aulas pelo país.
 
De fato, acredito que isso seja capaz de consumir a carne bovina estocada pelo País, dando escoamento, principalmente, para a carne bovina de traseiro, que acumulou no atacado brasileiro. O cenário deve refletir na formação da escala de abates pelos estados brasileiros e deve fazer ou trazer alguma melhora nos preços praticados.
 
Digo trazer uma melhora, em uma espécie de retorno aos valores presentes há uma ou duas semanas. O fato é haver recuo para arroba do boi gordo em importantes praças brasileiras. Mato Grosso do Sul tem valores da arroba do boi gordo R$ 225,00, R$ 210,00 para vaca gorda e R$ 215,00 para novilha. São preços em queda. Em Minas Gerais as cotações estão em R$ 226,00 para o boi gordo, vaca gorda em R$ 210,00 e novilha em 225,00. Na praça de referência, São Paulo, o boi gordo recuou para R$ 235,00.
 
O mercado brasileiro de carne bovina tem uma característica melhor no consumo doméstico em 2024, o que traz expectativa de melhor equilíbrio na oferta e demanda nacional. Em torno das exportações, as expectativas são ainda melhores, por algumas características relevantes em torno de um grande player do mercado internacional.
 
A cadeia produtiva da carne bovina do Brasil tem grande oportunidade de aproximar de importadores relevantes que são afastados da produção nacional, falo de Japão e Coreia do Sul. De certo modo, é na Ásia que há grandes possibilidades de elevação e ganho de novos mercados ou até mesmo ampliação e, neste contexto, destaco a China.
 
Dois importantes produtores e exportadores de carne bovina têm (ou podem ter) problemas para manter os mercados atendidos, os países em dificuldade que podem favorecer o Brasil, são Estados Unidos e Argentina. Começo a definição pelos vizinhos sul-americanos.
 
A Argentina teve registro de recorde de exportação em 2023, com 682 mil toneladas embarcadas, 7,5% superior ao registrado em 2022 e contou com a China com principal importador, que comprou pouco mais de 70% do volume. Um dos fatores a serem observados é que enquanto no Brasil as aquisições são de animais com 30 meses, a busca na Argentina é por fêmeas acima de 40 meses. Um dos fatores que fazem acreditar que o país vizinho possa reduzir embarques é por conta do setor pecuário entrar neste ano em período de contenção de fêmeas, o que deve reduzir o volume de animais para abate.
 
A melhor notícia vem dos Estados Unidos, o rebanho norte-americano recuou para 87,2 milhões de cabeças e alcança neste ano o menor rebanho desde 1951, de acordo com relatório apresentado na última semana pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Em resumo, os EUA têm menor capacidade de atender a demanda interna por carne bovina e grandes limitações para servir a alguns clientes muito relevantes, Japão e Coreia do Sul. Neste caso, os acordos sanitários e nacionais do Brasil com os países asiáticos é o grande desafio, uma vez que a Austrália possui trativas melhores.

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