Tarifa de Donald Trump gera pressão desproporcional ao mercado do boi gordo no Brasil

Fabiano Reis
29/07/2025 09h27 - Atualizado há 21 horas
Tarifa de Donald Trump gera pressão desproporcional ao mercado do boi gordo no Brasil
Foto: Reprodução

Na próxima sexta-feira, dia 1º de agosto, devemos ver um dos atos mais absurdo tomado ou anunciado contra uma nação e, não importa, a linha ou inclinação política de cada cidadão do Brasil, a medida é sim, economicamente, infundada e, em alguns setores da economia pode trazer estragos muito expressivos. Digo alguns, pois no caso, da cadeia produtiva da pecuária de corte, os impactos na precificação da arroba do gado pronto está, extremamente, desproporcional a relevância das exportações de carne bovina (carne de dianteiro e retalhos) para os Estados Unidos.

E sim. Acredito que a sobretaxa dos EUA sobre o Brasil entra em vigor, ainda que não deva vigorar por muito tempo ou poder ter um pacote de exceções de produtos que possam ser envolvidos. E, espero estar errado. Há interesses dos norte-americanos (não cito questões políticas, pois não parece ser a questão real ou algo que se possa alterar). Entre eles, desmobilizar o BRIC’s e manter a hegemonia econômica e influência, seguindo a receber porcentagem sobre todas as negociações feitas em dólar; exportar um volume maior de etanol para o Brasil pode ser um interesse; deslocar parte da indústria brasileira para os EUA, remoto, mas possível; e, claro, há a história de terras raras, no qual as reservas brasileiras são a segunda maior do mundo, apesar de ter um refino pífio, simplesmente as reservas são mais de 10,4 vezes maior que a norte-americano. China é a primeira com 49% da disponibilidade mundial, Brasil é o segundo com 23% e os EUA apenas 2,1%. Usam os tais minerais e elementos químicos em todas as modernidades que usamos e imaginamos.

Voltando ao assunto que importa, o bloqueio atinge diversos setores, mas nossa questão é o impacto no mercado de carne bovina. No primeiro semestre de 2025 as indústrias frigoríficas brasileira exportaram138,59 mil toneladas de carne bovina in natura para os Estados Unidos. O mês de abril foi o grande destaque, com mais de 44 mil toneladas enviadas aos norte-americanos, maio teve recuo para 27,4 mil toneladas e junho ficou em apenas 18,23 mil toneladas.

Este cenário desenhado dá ao mercado norte-americano uma participação total na carne bovina produzida no Brasil de 2,3%. Apenas pouco mais de 2% da carne bovina produzida no país vai para os EUA e são cortes de dianteiro e retalho, para produção de hambúrguer. O volume representa, para indústria frigorífica, 12% da carne bovina exportada e a receita quase 14% e são pouco mais de 50 indústrias que exportam para os norte-americanos.

Os números citados no parágrafo anterior não são desprezíveis, mas muito menos, fundamentais para a pressão gerada na arroba do gado pronto nas praças produtoras do país. Há quedas registradas entre 12% e 15% e, mesmo considerando a seca, a falta de pastagens, etc… O fato é que a pressão gerada no “boi gordo” é completamente desproporcional para os fatos gerados pelo tarifaço de Donald Trump.


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