21/12/2023 às 11h34min - Atualizada em 21/12/2023 às 11h34min

​Pampa é ameaçado com rápido desaparecimento da fauna e flora

Fred Almeida
Foto: Divulgação Site / Governo Federal
No último domingo (17) comemorou-se o Dia Nacional do Bioma Pampa, um ecossistema que representa mais de 68% da área total do Rio Grande do Sul. No entanto, este bioma enfrenta um cenário alarmante com o rápido desaparecimento de sua fauna e flora. Estudos recentes da MapBiomas Pampa revelaram que entre 1985 e 2022, o Pampa perdeu 2,9 milhões de hectares, o que corresponde a uma área 58 vezes maior que a capital Porto Alegre, resultando em uma redução de 32% de sua extensão original.

Neste domingo, que marcou a data especial do Bioma Pampa, pouco há para comemorar. Ele é o bioma menos protegido do País. O avanço da monocultura de grãos e a silvicultura têm se mostrado as principais ameaças às áreas de vegetação campestre, que possuem pouco mais de um metro de altura.

O estudo, baseado na análise de imagens de satélite, revela que a vegetação campestre do Pampa Sul-Americano, composto por mais de 1 milhão de quilômetros quadrados entre Brasil, Argentina e Uruguai, sofreu uma perda de 20%, incluindo 9,1 milhões de hectares de campos nativos no mesmo período. No território mapeado, 66% dessas áreas estão na Argentina, 18% no Brasil e 16% no Uruguai. Esse bioma representa 6,1% da América do Sul.

O professor Paulo Brack, especialista em Ecologia e Recursos Naturais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), alerta sobre a gravidade da situação: "A situação do bioma Pampa está bem grave, (...) sendo que 29,5% foram perdidos nos últimos 37 anos. Os campos nativos estão sendo rapidamente substituídos por plantios de soja, o que é impressionante e preocupante".

Entre 1985 e 2022, o uso agrícola do solo aumentou em 2,1 milhões de hectares, enquanto a silvicultura expandiu em mais de 720 mil hectares, um crescimento de 1.667%. O Pampa, que em 1985 ocupava 9 milhões de hectares, hoje se limita a cerca de 6,2 milhões de hectares.

Brack ressalta que a criação de gado é uma atividade propícia para o Pampa. O estado do Rio Grande do Sul conta com 11,9 milhões de cabeças de gado, porém, a expansão da pecuária tem se dado em áreas desmatadas na Amazônia, em vez de incentivar a pecuária nos campos nativos do Pampa.

O biólogo sugere alternativas como o turismo ecológico, a criação de frutíferas nativas e a agricultura familiar como formas de preservar o Pampa. Além disso, aponta a necessidade de criar mais unidades de conservação, visto que a única unidade existente, a Área de Proteção Ambiental (APA) de Ibirapuitã, está situada em Sant'Ana do Livramento e abrange 316,7 mil hectares.

Brack também destaca a importância da Proposta de Emenda à Constituição 33/2023, do senador Paulo Paim (PT-RS), que propõe incluir o Pampa como patrimônio nacional, a fim de proteger esse bioma único. No momento, a PEC aguarda a designação de um relator no Senado.

O Pampa, com sua vegetação única e diversificada, é lar de diversas espécies de plantas e animais, e a preservação desse ecossistema é essencial para manter a riqueza da biodiversidade brasileira.

Com Agência Brasil

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