14/12/2023 às 13h10min - Atualizada em 14/12/2023 às 13h10min

​COP 28: Início da jornada rumo ao fim dos combustíveis fósseis

Fred Almeida
Foto: Reprodução X / COP28 UAE
A 28ª Conferência do Clima da ONU (COP 28) encerrou-se após duas semanas de intensos debates e negociações que culminaram em um marco histórico: um compromisso global para a progressiva eliminação dos combustíveis fósseis das matrizes energéticas dos países participantes. Esta decisão, embora celebrada, não deixou de ser alvo de ressalvas e críticas por conta da falta de um plano claro para essa transição e a ausência de definições detalhadas sobre o fim do desmatamento.

Denominado como "Consenso dos Emirados Árabes Unidos", o documento final delineou avanços significativos para manter a meta de aquecimento global em 1,5ºC. Compromissos essenciais, como o incremento das energias renováveis e a ampliação da eficiência energética até 2030, foram destacados, juntamente com a criação de novos mecanismos de financiamento climático.

No entanto, o ponto crucial que versava sobre a eliminação dos combustíveis fósseis foi tema de controvérsias durante os últimos dias do evento. As diversas versões do texto desagradaram por não abordarem com a urgência necessária a crise climática. A esperança dos países mais vulneráveis era que o texto final expressasse de maneira mais enfática a "eliminação gradual dos combustíveis fósseis". No entanto, a formulação final foi descrita como uma "transição para a saída" dessas fontes de energia.

Ainda que não tenha atingido a formulação desejada, o reconhecimento da necessidade de eliminar os combustíveis fósseis foi considerado um avanço. Simon Still, Secretário Executivo da UNFCCC, sublinhou a dificuldade de se alcançar um consenso entre as partes envolvidas nesse processo, enfatizando a complexidade das negociações.

Um ponto de destaque no consenso foi a determinação de que a descarbonização deve iniciar-se pelos países mais desenvolvidos, os quais devem liderar o caminho rumo às emissões zero. Essa sugestão, proposta pelo Brasil e aceita por todas as partes, ressalta a necessidade de uma responsabilidade comum, embora diferenciada, no enfrentamento das mudanças climáticas.

Contudo, apesar do otimismo diante do acordo, persistem lacunas significativas no que diz respeito ao financiamento para transições justas e à definição das fontes de energia que impulsionarão essa mudança.

A repercussão entre representantes de organizações não-governamentais revelou opiniões divergentes. Camila Jardim, especialista em Política Internacional do Greenpeace Brasil, destacou a importância de ter colocado os combustíveis fósseis no centro do debate, embora tenha ressaltado a falta de clareza sobre o plano para eliminá-los gradualmente.

Por outro lado, Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima, criticou o resultado, argumentando que o governo brasileiro precisa assumir a liderança e agir de forma mais efetiva para enfrentar a crise climática.

Andrew Deutz, da The Nature Conservancy, reconheceu o trabalho diplomático que transformou o texto divisivo em um caminho para lidar com a emergência climática, mencionando outros compromissos importantes feitos durante o evento.

Maurício Voivodic, diretor executivo do WWF-Brasil, ressaltou a necessidade de o Brasil liderar pelo exemplo e agir internamente para enfrentar a crise climática, indicando a urgência de eliminar os combustíveis fósseis para garantir a saúde do planeta.

O encerramento da COP 28, embora tenha alcançado consensos significativos, deixa claro que ainda há um longo caminho a percorrer. O desafio agora é transformar as palavras do acordo em ações concretas e efetivas, garantindo que os compromissos sejam cumpridos e que as metas estabelecidas sejam alcançadas. Este momento marca um ponto de partida crucial para a transição para um paradigma energético global mais sustentável e representa um chamado urgente para a ação imediata.

Com, O Eco

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