09/09/2022 às 11h45min - Atualizada em 09/09/2022 às 12h50min

Produção sustentável: quanto menos metano, melhor!

Metodologia é capaz de mensurar a emissão de gás metano em bovinos de raças europeias

Com o objetivo de impulsionar programas de melhoramento genético que considerem consumo alimentar, ganho de peso e menor emissão do gás, a Embrapa Pecuária Sul (RS) lançou, durante a Expointer 2022, a Prova de Emissão de Gases (PEG), técnica que contribui para a seleção de reprodutores que aliem ganho de peso a menor produção desse gás durante a digestão. 

A PEG se une a outras provas de desempenho desenvolvidas pela Empresa, com foco na sustentabilidade da agricultura, como as de Avaliação a Campo (PAC) e de Eficiência Alimentar (PEA). É mais uma ferramenta da Embrapa em prol da sustentabilidade da pecuária e da redução de impacto nas mudanças climáticas.

“A Prova de Emissão de Gases (PEG) é uma metodologia usada pela Embrapa Pecuária Sul para mensurar a emissão de metano (CH4) por reprodutores bovinos. O teste ocorre em ambiente de confinamento e busca identificar os animais com menor emissão desse gás para cada quilo de alimento consumido e por quilo de peso vivo produzido”, explica a pesquisadora da Embrapa Pecuária Sul, Cristina Genro. Atualmente, segundo ela, o centro de pesquisa tem conduzido os experimentos com touros das raças Angus, Braford, Charolês e Hereford. 

De acordo com Genro, na prova, a emissão de metano entérico será determinada individualmente, durante cinco dias consecutivos, através de equipamento medidor que fica acoplado ao animal. Cada um será avaliado duas vezes, e a média das duas avaliações e dos cinco dias de coleta será o resultado expresso em gramas de metano emitidas por dia (grama/dia).

“Durante esse período, será fornecida uma dieta composta por 75% de volumoso (silagem e feno) e 25% de concentrado, distribuída três vezes ao dia. Os animais terão acesso irrestrito à água e alimentação”, aponta, acrescentando que os dados de consumo individual serão coletados por meio de cochos eletrônicos e os dados de consumo e desempenho individual utilizados serão gerados na prova de eficiência alimentar, pois a alimentação e o manejo dos animais serão os mesmos nas duas provas.

De acordo com a pesquisadora, o principal benefício dessa metodologia é identificar indivíduos que tenham menor emissão de metano, ou seja, com mais eficiência no uso da energia dos alimentos e emitam menos metano, seja por quilo de alimento consumido ou por quilo de peso ganho. “Esse teste contribuirá para qualificar ainda mais os touros enviados pelas associações de raça para teste de desempenho à campo e prova de eficiência alimentar, testados na Embrapa Pecuária Sul, auxiliando, assim, nas estratégias para reduzir o impacto das emissões de gases de efeito estufa na cadeia de produção de carne bovina”, avalia.

De acordo com a especialista, o uso dessa tecnologia ajudará o país cumprir o compromisso acordado em 2021, junto ao Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), para a redução das emissões de Gases do Efeito Estufa em 30 %, em vários setores da economia. “Ou, seja, ela auxiliará os produtores de touros das raças avaliadas a qualificar os animais com baixa emissão, tanto na venda dos reprodutores como na venda do sêmen”, acrescenta. 

Além da diminuição da emissão do gás metano, Cristina destaca outras ações que precisam ser implantadas voltadas para uma produção mais sustentável. “Como o gás metano tem uma vida mais curta na atmosfera, cerca de 12 anos, e a pecuária é a principal fonte de emissão deste gás, creio que devemos priorizar, nessa atividade, ferramentas que podem ser utilizadas para reduzir ao máximo esse gás na atmosfera”, sugere. 

Uma dessas ferramentas, na opinião da pesquisadora, é o uso de suplementos ou aditivos alimentares que modulem a fermentação ruminal, fazendo com que haja menor perda de metano para a atmosfera.  Na Embrapa Pecuária Sul, os pesquisadores têm trabalhado com os coprodutos da agroindústria do azeite de oliva e de vinhos. “Essas matérias-primas estudadas para suplementação de ruminantes apresentam características (compostos secundários como taninos, fenóis, revasterol, etc...) que melhoram o desempenho animal, com redução das emissões de metano”, relata.

Ela também considera o manejo da pastagem uma ferramenta muito importante, com o uso de forrageiras de boa qualidade, com maior digestibilidade, que permitem uma fermentação menor, melhor aproveitamento do alimento e, consequentemente, baixas emissões. “O manejo adequado dos pastos equilibra a estabilidade de boas forrageiras e resulta no bom desempenho animal, além de reduzir a emissão de gases de efeito estufa (GEE)”, arremata a pesquisadora.


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