Enquanto o mundo pensa e espera os resultados da Conferência Mundial do Clima, a COP 26, em Glasgow, Escócia, em novembro, empresas privadas, instituições governamentais, Ongs que representam a sociedade civil estarão reunidas em Dubai, capital dos Emirados Árabes Unidos, para discutir, durante seis meses, na EXPO 2020 Dubai, os caminhos para construir uma sociedade sustentável que permita a manutenção da vida, com qualidade.
A necessidade de repensar a forma como produzimos e vivemos é um imperativo desde o surgimento da Revolução Industrial, na Inglaterra, entre os séculos XVIII e XIX. Embora à época não houvesse a mínima noção do que a produção humana, ao agregar valores, poderia provocar no meio ambiente e na manutenção da vida no Planeta, ainda em 1800 surgiu o modelo da Expo Universal, para discutir os impactos da ação do homem na natureza. Desde seu surgimento, esse modelo de EXPO é realizado a cada cinco anos, em diferentes países.
Na verdade, Dubai não foi uma escolha aleatória. Pelo contrário. Conhecida pela riqueza, arranha-céus futuristas, shoppings de alto luxo e uma arquitetura moderna, ela nasceu sob o conceito de Cidade Inteligente e, portanto, um grande experimento a Céu Aberto sobre o assunto. Por isso, mantém a sede do Word Green Economy Summit (Cúpula Mundial da Economia Verde).
A cidade tem dois exemplos de experiências que devem servir de exemplo para os outros participantes: criou e mantém um seleto bairro, Sustainable City, uma ideia de comunidade sustentável, onde os alimentos são produzidos em estufas no formato de agricultura urbana e uma usina com 3,2 milhões de painéis solares, que produz 1,18 GW, para abastecer 90 mil pessoas com energia elétrica.
São cerca de três mil pessoas que moram no bairro. Protegido por uma cortina de vegetação, o Sustainable City foi concebido com uma ideia de sustentabilidade que não consome energia do sistema de distribuição nacional do país. Ela é captada pelos painéis instalados nos tetos das casas e edifícios que geram energia e lançam na rede para consumo.
A grandiosidade, modernidade e luxo que revestem a principal cidade do Emirados Árabes, e todo o seu consumo de energia, jogam luz sobre iniciativas e projetos que têm por objetivo transformar o mundo mais moderno e sustentável do planeta.
Na verdade, Dubai é o exemplo mais acabado da discussão sobre as mudanças climáticas e sustentabilidade. Construída a partir da riqueza acumulada com o petróleo, combustível fóssil e um dos grandes vilões do aquecimento global, ela busca ser a referência mundial na mudança de paradigma em relação ao problema.
Atualmente, com a necessidade de encontrar fontes alternativas de energia renováveis e limpas em função das mudanças climáticas, os Emirados enfrentam o desafio de se transformar novamente. E para isso têm investido os recursos dos combustíveis fósseis em pesquisa e desenvolvimento de novas formas de energia, e na diversificação de suas atividades, como o turismo. Dubai, é o melhor exemplo.
A cidade também se antecipa na eliminação de emissões de gases do efeito estufa a partir dos veículos. Conta com uma frota de veículos elétricos e híbridos (2 motores, sendo um a combustão e outro elétrico com bateria) para táxi e carros utilizados por autoridades públicas. A intenção do governo de Dubai é disponibilizar pontos de recarga gratuita dos veículos de toda a cidade.
Por essas e outras ações exemplares, nesta encruzilhada climática em que o Planeta está metido, Dubai foi escolhida para sediar a Expo 2020, evento que tem duração de seis meses – ou seja, até março de 2022. A grande pergunta é: qual o papel do Brasil na Expo 2020, de Dubai? O que temos para oferecer e aprender?
O país é um dos 192 que participam do evento. O Pavilhão Brasil, coordenado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), irá abordar a sustentabilidade, tendo a água como mote. O Brasil sempre foi um dos atores mais importantes na discussão das emissões de gases pela ação humana, e pela sua cobertura vegetal, a mais importante que resta no Planeta.
Ainda assim, por falta de planejamento ou de dar a devida importância que o problema sempre teve, o Brasil vive hoje uma de suas piores crises hídricas dos últimos 90 anos. Além dos apagões em alguns estados, a crise hídrica levou o governo e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) à criação da "bandeira tarifária escassez hídrica" aplicadas às contas de energia de todo o país, desde setembro deste ano.
Na Feira, o Pavilhão Brasil vai discutir, apresentar a buscar soluções para um problema tão grande e impactante na nossa economia. O país é o celeiro do mundo na produção de alimentos, e uma crise hídrica prolongada ou definitiva seria uma catástrofe sem precedentes para nossa economia, alterando o modo como vivemos.
Portanto, as discussões que vão acontecer nos próximos seis meses em Dubai poderão ser um passo importante e definitivo no caminho de reconstruir o sistema atmosférico e climático do Planeta que, antes da Revolução Industrial, sempre foi equilibrado e possibilitou a construção da civilização que conhecemos.
Seguimos acompanhando as discussões em Dubai e as lições que podemos trazer de lá para cá!
Até a próxima!