Após o governo norte-americano autorizar o Brasil a exportar uma cota superior de açúcar para aquele país, o Ministério da Agricultura, Abastecimento e Pecuária (Mapa) definiu que elas serão rateadas entre 37 usinas produtoras das regiões Norte e Nordeste. As exportações serão feitas até o dia 30 de setembro, deste ano. A autorização foi publicada no Diário Oficial da União.
Das usinas contempladas com base nos resultados da safra anterior, 15 estão estabelecidas em Alagoas e 11 em Pernambuco. As demais funcionam na Paraíba (2); Rio Grande do Norte (2); Sergipe (2) e nos estados do Amazonas; Bahia; Maranhão; Pará e Piauí (um estabelecimento em cada um).
Os produtores daquela região são beneficiados por uma lei de 1996 para incentivo ao desenvolvimento regional dirigida aos produtos derivados de cana-de-açúcar para mercados considerados preferenciais, como o dos Estados Unidos, que serão atribuídos a usinas das duas regiões, “tendo em conta seu estágio econômico”.
Esta é a segunda autorização à nova divisão que o ministério faz este ano para o volume extra do produto que o Brasil é autorizado a vender ao mercado norte-americano. Os Estados Unidos já tinham manifestado interesse em comprar, com tratamento diferenciado, 35,16 mil toneladas além das cerca de 144,41 mil toneladas autorizadas ainda em 2021.
No fim de julho, as autoridades norte-americanas adicionaram mais 14,43 mil toneladas à cota prioritária inicial.
O coordenador-geral de Cana e Açúcar do Mapa, Cid Caldas, afirma que a medida é normal: “Isto é corriqueiro. Costumeiramente, alguns dos países [produtores] que recebem cotas [do governo dos EUA] acabam não conseguindo cumpri-las. Ou [as autoridades norte-americanas] veem que precisam de um pouco mais do produto. Nós [Brasil] sempre somos consultados se temos condições de atender [à demanda]”, explicou.
Ele informa ainda que, somadas as cotas principal e adicionais, as usinas nacionais poderão exportar, em condições especiais, pouco mais de 195 mil toneladas de açúcar para os Estados Unidos.
“A gente vem tentando elevar a cota [principal] mostrando que há países aos quais são atribuídas cotas, mas que nem produção eles têm”, acrescentou Caldas, lembrando que, em 2020, o governo brasileiro chegou a sugerir a possibilidade de zerar a taxa de importação cobrada do etanol norte-americano se os Estados Unidos dispensassem o mesmo tratamento ao açúcar brasileiro.
“Como a cana-de-açúcar e o etanol estão intimamente ligados no Brasil, a partir do momento em que o governo norte-americano está nos mandando etanol, deveria abrir mais também o seu mercado de açúcar”, disse Caldas.
Há quase dois anos, o governo brasileiro anunciou como resultado das negociações entre Brasil e EUA o fato dos produtores nacionais terem sido autorizados a exportar, naquele ano, 80 mil toneladas adicionais de açúcar. A ampliação da cota inicial foi anunciada menos de duas semanas após o governo brasileiro elevar a cota de importação de etanol dos Estados Unidos.
Da Redação, com Agência Brasil