O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (16) aumentar a taxa Selic, que determina os juros básicos da economia em um ponto percentual. Ela vai de 10,75% para 11,75%. A justificativa são os impactos da guerra da Rússia contra a Ucrânia na inflação da economia global e do Brasil. A informação é da Agência Brasil.
Na nota divulgada após a reunião, o Copom disse que o momento é de cautela e que a próxima reunião, marcada para o mês de abril, também vai aumentar a Selic em mais 1%. “Para a próxima reunião, o comitê antevê outro ajuste da mesma magnitude. O Copom enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas”, destaca o texto.
A reunião do Copom terminou às 19h e o resultado foi publicado com cerca de 40 minutos de atraso. Geralmente, as reuniões terminam no meio da tarde, e o resultado é divulgado a partir das 18h30.
Aperto monetário
Este é o maior nível da taxa Selic desde 2017. Naquele ano, ela chegou a 12,25% ao ano. O reajuste desta quarta-feira é o nono consecutivo. Apesar da alta, o BC reduziu o ritmo do aperto monetário. Nos três meses anteriores, os aumentos foram de 1,5% em cada reunião.
De março a junho do ano passado, o Copom tinha elevado a taxa em 0,75 ponto percentual em cada encontro. No início de agosto, o BC passou a aumentar a Selic em 1 ponto a cada reunião.
Com a decisão desta quarta-feira (16), a Selic continua num ciclo de alta, depois de passar seis anos sem ser elevada. De julho de 2015 a outubro de 2016, a taxa permaneceu em 14,25% ao ano. Depois disso, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até que a taxa chegasse a 6,5% ao ano em março de 2018. A Selic voltou a ser reduzida em agosto de 2019 até alcançar 2% ao ano em agosto de 2020, influenciada pela contração econômica gerada pela pandemia de covid-19. Esse era o menor nível da série histórica iniciada em 1986.
Inflação
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em fevereiro, o indicador fechou em 10,54% no acumulado de 12 meses, no maior nível para o mês desde 2015, pressionado pelos combustíveis e pelos aumentos de início de ano nas despesas de educação.
O valor está acima do teto da meta de inflação. Para 2022, o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou meta de inflação de 3,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O IPCA, portanto, não pode superar 5% neste ano nem ficar abaixo de 2%.
No Relatório de Inflação divulgado no fim de dezembro pelo Banco Central, a autoridade monetária estimava que, em 2021, o IPCA fecharia 2022 em 4,7% no cenário base. A projeção, no entanto, está desatualizada com as tensões internacionais que elevam a cotação do petróleo e com fatores climáticos que prejudicam as safras em diversas partes do Brasil. A nova versão do relatório será divulgada no fim deste mês.
As previsões do mercado estão mais pessimistas. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo BC, a inflação oficial deverá fechar o ano em 5,38%. A projeção foi elevada após o aumento recente dos combustíveis.
Da Redação, com Agência Brasil