Na pecuária eficiente, o manejo das pastagens é o pilar para alcançar maior produtividade e rentabilidade sem comprometer os recursos naturais. Muitos produtores focam em investir em sementes de alta qualidade, adubação ou infraestrutura, mas o diferencial está em usar o pasto com inteligência e estratégia. Isso exige planejamento em três horizontes: curto prazo, com manejo preciso da entrada e saída dos animais nos piquetes; médio prazo, com ajustes sazonais para manter a forrageira produtiva nas águas e na seca e longo prazo, com ações que garantam a longevidade das pastagens, como divisão adequada dos pastos, distribuição eficiente de aguadas e saleiros, e controle rigoroso de plantas daninhas.
Com decisões embasadas é possível transformar o pasto em uma ferramenta poderosa para aumentar as arrobas por hectare e o lucro do produtor. No curto prazo, o sucesso do pastejo depende de ajustar a taxa de lotação e o tempo de ocupação dos piquetes ao ciclo de crescimento da forrageira. Cada espécie de capim tem alturas ideais de entrada e saída dos animais. Por exemplo para o capim braquiária (Brachiaria brizantha), a entrada dos animais quando o pasto atinge 25-30 cm e a saída quando restam 15-20 cm. Essa prática preserva os meristemas de crescimento e as reservas da planta, permitindo uma rebrota rápida e mantendo a oferta de forragem.
O superpastejo, quando os animais permanecem além do tempo ideal, pode reduzir a capacidade de rebrota, impactando diretamente a produtividade. O pastejo rotacionado, com períodos de ocupação curtos (1 a 3 dias) e descanso adequado (20 a 35 dias nas águas), é uma solução prática. Ferramentas como réguas de manejo ou aplicativos de monitoramento ajudam o produtor a tomar decisões precisas, evitando tanto o subpastejo, que desperdiça forragem, quanto o superpastejo, que degrada o pasto.
No médio prazo, o planejamento sazonal é crucial para equilibrar a oferta de forragem ao longo do ano. Durante as águas, o crescimento rápido do pasto pode levar a erros, como manter lotações elevadas por muito tempo, o que degrada o solo e prejudica a rebrota. Na seca, a tentação de explorar demais o pasto para compensar a menor oferta de forragem pode acelerar a degradação. Uma estratégia eficaz é o diferimento de pastagens, reservando áreas durante as águas para uso exclusivo na seca. Essa prática, combinada com suplementação estratégica, como sal proteinado, mantém o ganho de peso dos animais mesmo em períodos críticos.
A adubação de manutenção, com calagem, fosfatagem e doses moderadas de nitrogênio (50-100 kg/ha/ano), pode aumentar a capacidade de suporte do pasto, melhorando a produtividade nas águas. Essas medidas garantem uma produção estável, reduzem a dependência de insumos caros e elevam a rentabilidade.
No longo prazo, a eficiência do pastejo depende de investimentos que previnam a degradação e ampliem a vida útil das pastagens. A divisão dos pastos em piquetes, ajustada ao tamanho do rebanho e à capacidade do solo, é fundamental. Pastagens melhor divididas podem aumentar a produtividade em até 25% em relação a áreas sem divisão. A instalação estratégica de aguadas e saleiros reduz favorece um pastejo mais uniforme pois evita a concentração de animais em áreas específicas.
O controle de plantas daninhas, como os brotos de cerrado e a grama mato grosso (Paspalum notatum), deve ser contínuo, utilizando métodos mecânicos, químicos ou biológicos. Práticas como a rotação de culturas ou a integração lavoura-pecuária, quando aplicáveis, recuperam solos degradados e melhoram a fertilidade, garantindo pastagens produtivas a custos baixos. Outro aspecto importante é o monitoramento contínuo da saúde do pasto e do solo. A análise periódica do solo, recomendada no mínimo a cada dois anos permite corrigir deficiências de nutrientes e ajustar o pH, mantendo a produtividade da forrageira.
O uso de tecnologias como imagens de satélite ou drones, cada vez mais acessíveis, ajuda a identificar áreas com degradação inicial, como erosão ou compactação, permitindo intervenções rápidas. Além disso, capacitar a equipe da fazenda em técnicas de manejo de pastejo é um investimento com retorno garantido. Treinamentos oferecidos por instituições como o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) ensinam práticas que alinham produtividade e conservação, como o ajuste fino da lotação e o reconhecimento visual da altura ideal do pasto.
Essas ações reforçam a eficiência do sistema, transformando o conhecimento técnico em resultados no campo. O uso dos parâmetros de manejo para os diferentes capins, amplamente estudados Têm determinado os principais aspectos de manejo como alturas de entrada, saída e períodos de descanso (Tabela 1).
Tabela 1 - Alturas de referência para manejo de algumas espécies forrageiras (Tonato e Pedreira, 2015).