Soja brasileira pode ganhar espaço com mudança tributária na Argentina

Redução do diferencial entre grão e derivados reduz competitividade da indústria argentina, aponta Abiove

- Da Redação, com MoneyTimes
07/08/2025 09h21 - Atualizado há 20 horas
Soja brasileira pode ganhar espaço com mudança tributária na Argentina
Foto: R.R.Rufino / Embrapa

A recente mudança no sistema de exportação da Argentina pode abrir espaço para que o Brasil amplie sua participação nas vendas externas de farelo e óleo de soja. Desde 31 de julho, o governo argentino reduziu o imposto sobre exportação de farelo e óleo de soja de 31% para 24,5%, ao mesmo tempo em que cortou a taxa sobre a soja em grão de 33% para 26%. O resultado é uma redução no diferencial tributário entre o grão e seus derivados, que passou de 2 para 1,5 ponto percentual.

Segundo Daniel Furlan Amaral, diretor de Economia da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), a mudança diminui levemente a vantagem da indústria argentina, que historicamente atraiu investimentos graças à política de diferenciação tributária.

“Esse diferencial, embora pequeno, sempre foi determinante para a competitividade da indústria de esmagamento de soja na Argentina”, explicou.

A Argentina é líder global nas exportações de farelo e óleo de soja, com projeções para 2025/26 apontando embarques de 30 milhões de toneladas de farelo e 6,6 milhões de toneladas de óleo, conforme dados do USDA. Já o Brasil, segundo maior exportador mundial desses produtos, deve embarcar 23,2 milhões de toneladas de farelo e 1,3 milhão de óleo.

Com a margem tributária argentina reduzida, o Brasil pode se tornar mais competitivo nos mercados onde ambos os países disputam compradores.

“O farelo brasileiro ganha fôlego, pois os argentinos agora têm menos espaço para explorar as vantagens tributárias que antes desequilibravam a concorrência”, afirmou Amaral.

A medida também poderá beneficiar, no médio prazo, os produtores de grãos na Argentina, incentivando investimentos em tecnologia agrícola. No entanto, Amaral alerta que o sistema argentino ainda favorece mais a exportação de produtos processados que de grãos, ao contrário do Brasil, que lidera nas exportações de soja em grão, com previsão de 112 milhões de toneladas exportadas em 2025/26, frente a apenas 5 milhões da Argentina.


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