Exportadores de manga preocupados com tarifa americana e risco de prejuízo

Setor teme inviabilidade de embarques de 200 mil toneladas da fruta para os EUA e superoferta no mercado interno, caso não haja acordo

- Da Redação, com Canal Rural
24/07/2025 08h44 - Atualizado há 1 dia
Exportadores de manga preocupados com tarifa americana e risco de prejuízo
Foto: reprodução

O setor de frutas brasileiro, em especial o de manga, está apreensivo com a iminência da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos. Cerca de 200 mil toneladas de frutas, que teriam o mercado norte-americano como destino, estão em risco. Segundo Guilherme Coelho, presidente da Associação Brasileira de Produtores, Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), a situação da manga é a mais aflitiva, já que 92% dos contêineres exportados com a fruta saem do Vale do São Francisco, principal polo produtor do país.
 

Coelho explica que a safra nos Estados Unidos é compacta, durando três meses, período em que o Brasil chega a enviar 2.500 contêineres, totalizando cerca de 12 milhões de caixas. Ele ressalta que o México já forneceu a variedade da manga 'Tommy' para os norte-americanos em maio, junho e julho, e agora seria a vez do Brasil, seguindo o curso natural do setor. A colheita da manga ainda não começou, e todo o cronograma para iniciar na primeira semana de agosto, seguido à risca há décadas, está em risco devido à incerteza sobre a viabilidade da venda aos EUA.
 

O presidente da Abrafrutas detalha que a etapa de embalar a fruta conforme o destino, seja supermercados ou distribuidores, já é previamente organizada para o curto período de operacionalização da venda externa. Os importadores nos Estados Unidos também estão preparados para receber os contêineres e distribuir as frutas. No entanto, com a tarifa de 50%, exportar se torna inviável. "É colher para ter prejuízo", resume. 
 

Sobre a responsabilidade de redirecionar o destino da manga, Coelho afirma que isso é inviável devido ao volume da produção. A Europa, grande cliente, já está abastecida e não recebe a mesma variedade de frutas vendidas aos EUA. Despachar a manga para o mercado interno também não é uma opção, pois a alta quantidade da fruta para consumo em curto espaço de tempo "vai abarrotar o país". 
 

"O preço vai desabar. Nós vamos encher o mercado de manga e o custo para produzir, digamos, um quilo de manga será maior do que o preço de venda", contextualiza. Apesar do momento crítico, Coelho ainda manifesta otimismo por uma flexibilização no prazo para o início da tarifa e pela possibilidade de um acordo entre Brasil e Estados Unidos nesse intervalo.

 


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