Estudo revela que laranja brasileira ajuda a retirar 133 milhões de toneladas de CO₂ do ar

Pesquisa da Embrapa mostra papel ambiental do cinturão citrícola, que ainda mantém biodiversidade e vegetação nativa

- Da Redação, com Canal Rural
14/07/2025 08h53 - Atualizado há 20 horas
Estudo revela que laranja brasileira ajuda a retirar 133 milhões de toneladas de CO₂ do ar
Foto: reprodução

Um estudo recente realizado pela Embrapa Territorial e pelo Fundecitrus, com apoio do Fundo de Inovação da inglesa innocent drinks, revelou que os pomares de laranja do cinturão citrícola brasileiro, localizados no estado de São Paulo e no sudoeste e Triângulo Mineiro, têm um papel relevante no combate às mudanças climáticas. Segundo o trabalho publicado na revista Agrosystems, Geosciences & Environment, as laranjeiras retiram o equivalente a 133 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO₂) da atmosfera.
 

Os pesquisadores constataram que cada laranjeira fixa 4,28 quilos de carbono por ano em sua biomassa — folhas, tronco, galhos e raízes — e também contribui para o acúmulo de carbono no solo por meio da decomposição de folhas e restos de poda. Em média, um hectare de laranjal remove 2 toneladas de carbono ao ano. O estudo analisou dados biométricos de mais de 1.300 árvores e medições de campo em 80 laranjeiras para chegar aos cálculos.
 

O cinturão citrícola concentra hoje cerca de 162 milhões de laranjeiras adultas espalhadas por 337 mil hectares em São Paulo e Minas. Cada árvore armazena, em média, 52 quilos de carbono em sua biomassa viva, o que dá 25 toneladas por hectare — superando os 21 t/ha atualmente considerados nos inventários nacionais de gases de efeito estufa para culturas perenes. Somando-se a biomassa, o carbono orgânico do solo e a vegetação nativa preservada, o estoque total alcança 36 milhões de toneladas de carbono, o equivalente aos 133 milhões de toneladas de CO₂ que deixaram de ser emitidas.
 

Além dos benefícios climáticos, os pomares contribuem para a conservação da biodiversidade. O levantamento identificou mais de 300 espécies de animais silvestres, principalmente aves e mamíferos, convivendo nas propriedades. Também foi constatado que as áreas citrícolas preservam quase 160 mil hectares de vegetação nativa.
 

Para ampliar o uso dos dados, a Embrapa Territorial criou um painel online interativo que permite consultas por variedade e idade das árvores. O pesquisador Lauro Rodrigues Nogueira Júnior destaca que o painel pode ajudar o setor a comprovar a captura de carbono e abrir portas para o mercado de créditos ambientais.

 

 


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