O agronegócio brasileiro, que responde por quase 30% do PIB do país, vive uma transformação: a incorporação da agenda ESG. É um conjunto de práticas ambientais, sociais e de governança. Uma estratégia para assegurar o futuro do campo. Cada vez mais, pequenas e médias propriedades rurais percebem que adotar ações sustentáveis não é apenas uma exigência do mercado, mas uma forma de se tornarem mais competitivas, resilientes e preparadas para lidar com os desafios das mudanças climáticas e responsabilidade social.
Essa mudança de mentalidade nasce de um contexto em que a demanda mundial por alimentos deve crescer 60% até 2050, segundo a FAO, enquanto fenômenos climáticos extremos e escassez de recursos naturais avançam. A EMBRAPA já aponta aumento de pragas e redução de disponibilidade hídrica, exigindo do produtor rural um esforço constante para proteger a produtividade.
Nesse cenário, a agenda ESG surge como um caminho concreto. No campo, ela se traduz em ações que vão desde o uso de energias renováveis, manejo de integração lavoura-pecuária-floresta, respeito ao Código Florestal e destinação correta de resíduos, até o investimento em certificações que comprovem a origem sustentável do produto.
Os ganhos para o produtor são claros. Práticas ambientais responsáveis ajudam a reduzir custos com insumos ao tornar o solo mais saudável e diminuir a necessidade de defensivos. A biodiversidade aumenta, trazendo equilíbrio ecológico e maior resistência a pragas. No aspecto social, investir em boas condições de trabalho, respeitar direitos humanos e apoiar comunidades locais melhora o ambiente interno e a imagem do negócio, além de ajudar a reter talentos. Já no eixo da governança, manter processos transparentes, combater a corrupção e adotar programas de compliance (cumprimento das leis e padrões éticos) garante credibilidade e atrai novos parceiros.
Esse movimento também facilita o acesso a crédito rural. Bancos e investidores já incluem critérios ESG na análise para concessão de financiamentos, premiando propriedades que comprovam compromisso com a sustentabilidade. Isso abre portas para juros menores, prazos maiores e até linhas exclusivas de financiamento.
Na prática, o produtor interessado em iniciar esse processo precisa primeiro mapear riscos e identificar pontos críticos, estabelecer metas claras e investir em tecnologias digitais para monitorar e garantir rastreabilidade. O Plano ABC+, por exemplo, oferece diretrizes e incentivos para reduzir emissões de gases de efeito estufa no campo.
Mais do que seguir uma tendência, ao integrar a agenda ESG o produtor rural brasileiro se coloca na vanguarda de um setor que precisa crescer sem repetir erros do passado. Essa escolha protege o negócio contra oscilações do mercado e amplia oportunidades de exportação para mercados exigentes, além de deixar um legado ambiental e social positivo. Em um mundo que cobra transparência e responsabilidade, quem aposta na sustentabilidade garante não só competitividade, mas também o futuro do planeta e das próximas gerações.