O cenário da governança climática global enfrenta um momento inédito. A saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, combinada com a proposta da União Europeia de flexibilizar normas de sustentabilidade, coloca o Brasil e o bloco BRICS+ no centro das atenções. A COP30, que será realizada em Belém, surge como palco estratégico para negociações e definições de compromissos ambientais.
A decisão do governo de Donald Trump de se retirar do acordo internacional e do Fundo de Compensação a países em desenvolvimento enfraqueceu o multilateralismo ambiental. Além disso, a revogação de 31 regulamentações ambientais pela Agência Ambiental dos EUA e o incentivo à expansão da extração de petróleo e gás natural reforçam a preocupação de líderes globais. País vizinho, Canadá e a Argentina também são observados de perto, diante da possibilidade de se afastarem de compromissos climáticos.
Enquanto isso, a União Europeia busca flexibilizar exigências de relatórios de sustentabilidade para pequenas e médias empresas, com o objetivo de impulsionar competitividade. França e Alemanha mantêm postura ativa: Paris lançou um plano de adaptação climática com mais de 200 ações, e Berlim anunciou doação de 25 milhões de euros para projetos de descarbonização no Brasil. O Reino Unido oferece apoio técnico e financeiro, reforçando metas de financiamento climático.
No BRICS+, os desafios são evidentes. O Brasil intensifica esforços para reduzir queimadas e firmou acordos com França e Alemanha para conservação de florestas. A China e a Índia expandem investimentos em energias renováveis, mas continuam a construir usinas a carvão. A Rússia mantém exploração de combustíveis fósseis, enquanto África do Sul, Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Egito e Indonésia enfrentam dificuldades ambientais específicas, como dependência de carvão, poluição e crises hídricas.
Segundo dados de 2021, China, Índia e Rússia representam mais de 40% das emissões globais de CO₂, enquanto Brasil, África do Sul, Arábia Saudita e Irã têm participação menor, mas significativa. A COP30 surge como oportunidade para o BRICS+ consolidar sua influência e demonstrar capacidade de liderança frente ao vácuo deixado pelos Estados Unidos.
O sucesso do bloco dependerá da capacidade de superar contradições internas e transformar compromissos em ações concretas, tornando a COP30 um marco na governança climática global.