Caos logístico faz produtor vender milho a céu aberto mesmo com preços em baixa

Falta de armazéns e gargalos elevam riscos e pressionam cotações, enquanto montanhas de grãos se acumulam no Centro-Oeste

- Da Redação, com Notícias Agrícolas
04/07/2025 09h22 - Atualizado há 3 horas
Caos logístico faz produtor vender milho a céu aberto mesmo com preços em baixa
Foto: reprodução

Por mais um ano, as imagens de milho estocado a céu aberto se repetem em lavouras do Brasil, especialmente no Centro-Oeste, revelando a face do caos logístico que impacta diretamente o bolso do produtor. A colheita da segunda safra avança, mas a estrutura para guardar a produção não acompanha o ritmo. O déficit de armazenagem no país já chega a 120 milhões de toneladas, elevando o risco de perdas bilionárias.
 

Para piorar, o Plano Safra 2025/26 trouxe o PCA (Programa para Construção de Armazéns) com juros de 8,5%, considerados altos pelo setor. "Estamos num ciclo de perdas no milho. Sem as usinas de etanol, seria ainda pior. Os preços estão achatados e com silos lotados de soja, o milho fica exposto à chuva, como já ocorreu este ano no Mato Grosso", explicou Paulo Bertolini, presidente da Abramilho e da CSEAG.
 

No campo, produtores tentam se livrar do milho para não arcar com custos adicionais ou perder qualidade. A alternativa, em muitos casos, tem sido usar silo bags para guardar parte da safra. No Mato Grosso, relatos indicam que de 50% a 60% da produção já foi comercializada, e o restante fica estocado em bags.
 

Enquanto isso, a pressão logística começa a elevar o preço do frete e afeta até o mercado da soja. Em Rondonópolis, por exemplo, terminais priorizam o milho, e transportadoras já registram aumento nas tarifas. “O produtor prefere vender logo para liberar espaço e ter fluxo de caixa, mesmo com valores baixos”, disse o corretor Gilberto Leal.

 

 


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