Juros altos no Plano Safra preocupam setor de proteína animal

A elevação das taxas de juros nos programas Pronaf e Pronamp gerou alerta entre produtores

- Da Redação, com Notícias Agrícolas
02/07/2025 08h45 - Atualizado há 19 horas
Juros altos no Plano Safra preocupam setor de proteína animal
Foto: reprodução

O lançamento do Plano Safra 2024/25 pelo governo federal na terça-feira (1º) trouxe apreensão ao setor agropecuário, em especial para as cadeias de proteínas animais. A elevação das taxas de juros nos programas Pronaf e Pronamp gerou alerta entre produtores, que temem o desestímulo a investimentos fundamentais para o desenvolvimento de tecnologias e ampliação da infraestrutura no campo.
 

O presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Folador, afirmou que com a Selic em 15% fica praticamente inviável investir em melhorias estruturais na suinocultura. Segundo ele, o setor vive um ano economicamente equilibrado, mas os custos elevados do crédito impedem avanços mais consistentes. “Não estamos enriquecendo, mas pagando as contas. Mesmo assim, com juros altos, não conseguimos sustentar novos investimentos”, destacou.
 

Para o analista Fernando Henrique Iglesias, da Safra & Mercado, os juros elevados vão acabar engessando o produtor rural. Ele explicou que o risco de tomar crédito caro, somado às incertezas do mercado e do clima, faz muitos pecuaristas preferirem aplicar o dinheiro em renda fixa, em vez de expandir projetos. Iglesias também apontou que a tendência é reduzir o uso de tecnologias, o que pode comprometer produtividade.
 

O cenário impacta até a terceirização do confinamento, feita por meio de boitel. Dados da DSM-Firmenich indicam que 19,1% dos animais confinados hoje pertencem a terceiros, reflexo de uma expansão viabilizada por juros baixos em 2021. Walter, representante da empresa, lembrou que, na época, o crédito barato incentivou muitos investidores a entrarem nesse mercado.
 

Por outro lado, o governo anunciou o Programa de Transferência de Embriões para melhorar a genética na cadeia leiteira. Marcos Tang, presidente da Gadolando e da Febrac, avalia a medida como positiva, desde que venha acompanhada de juros acessíveis e critérios claros para escolha das matrizes. Ele defendeu que o processo deve ser conduzido com responsabilidade pelas associações envolvidas.

 

 


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