Com a proximidade da COP30, que será realizada no Brasil em novembro, aumentam os alertas sobre os efeitos das mudanças climáticas na economia. Um estudo da consultoria Ideia Sustentável mapeou os impactos diretos e indiretos das alterações no clima em dez setores estratégicos. O levantamento mostra que secas, enchentes, temperaturas extremas e eventos climáticos severos estão cada vez mais frequentes — e as consequências, cada vez mais concretas.
Na agricultura e pecuária, por exemplo, há risco de queda na produtividade devido a pragas, estiagens e enchentes. Isso leva à insegurança alimentar e afeta preços em toda a cadeia. O setor de energia também sofre: com menor geração hidrelétrica, aumenta a dependência de termelétricas e os custos de produção. Infraestrutura, construção civil e transporte enfrentam prejuízos com deslizamentos e estradas danificadas. O turismo, por sua vez, vê destinos desvalorizados e receitas em queda.
O estudo aponta ainda que doenças ligadas ao calor e à umidade sobrecarregam o sistema de saúde. O setor financeiro reage com elevação dos prêmios de seguros e maior cautela nos investimentos. Já o comércio exterior lida com novas exigências sustentáveis e barreiras ambientais. A indústria farmacêutica deve sofrer com aumento da demanda por certos medicamentos e riscos de desabastecimento.
Ricardo Voltolini, CEO da Ideia Sustentável, afirma que o Brasil precisa mostrar liderança como anfitrião da COP30. “É preciso pensar em metas ousadas e soluções tangíveis que saiam do papel com apoio internacional. Não se trata apenas de regulação, mas de mudar a temperatura do planeta.” A pesquisa também destaca 22 tendências em debate no evento, como financiamento climático, justiça climática e preservação da biodiversidade.