Crédito rural deve ficar mais caro na safra 2025/26, alerta CNA

Confederação aponta juros altos, incerteza fiscal e orçamento insuficiente como entraves para o financiamento do agro

- Da Redação, com MoneyTimes
02/06/2025 09h26 - Atualizado há 1 dia
Crédito rural deve ficar mais caro na safra 2025/26, alerta CNA
Foto: Reprodução

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) alerta que o crédito rural deve ficar mais caro para os produtores na próxima safra 2025/2026. Segundo a entidade, a combinação de juros elevados, incertezas fiscais e orçamento limitado das operações oficiais de crédito tende a restringir o acesso ao financiamento no campo.

Durante audiência pública no Senado Federal na última quarta-feira (28), o assessor técnico da CNA, Guilherme Rios, destacou que o cenário atual tem gerado preocupação entre os produtores.

“Com a alta da inflação e o aumento das incertezas fiscais e do endividamento público, chegamos, agora em maio, a uma taxa Selic de 14,75% ao ano. Isso tem trazido grande preocupação aos produtores, no acesso ao crédito privado e principalmente no crédito subvencionado”, afirmou.

Para 2025, o orçamento destinado às Operações Oficiais de Crédito (OOCs) soma R$ 14 bilhões. Embora seja superior ao do ano passado, o valor ainda está longe do necessário para atender toda a demanda do setor agropecuário, estimada em cerca de R$ 1,2 trilhão por ano. Atualmente, a composição do financiamento do agro é formada por 42% de recursos privados, 25% de recursos próprios e 33% provenientes do Plano Safra.

Rios também apresentou um balanço do Plano Agrícola e Pecuário em vigor. Dos R$ 475 bilhões anunciados para a safra atual, apenas 64% (R$ 304 bilhões) foram efetivamente contratados pelos produtores. Entre os obstáculos que dificultaram a execução do plano, estão o excesso de burocracia, crédito privado mais atrativo, ausência de ferramentas eficazes de seguro rural, rigor na análise dos bancos, subvenção considerada insuficiente e a suspensão temporária do programa em fevereiro deste ano.

Mesmo diante das dificuldades, os produtores buscaram alternativas. “O aumento dos custos de produção, principalmente por conta da elevação do dólar, trouxe maior necessidade de custeio. Muitos buscaram outras fontes de crédito”, explicou Rios.

Na audiência, a CNA também apresentou um conjunto com dez propostas prioritárias para o Plano Agrícola e Pecuário 2025/26. O documento foi elaborado com base na contribuição de produtores rurais, federações estaduais e sindicatos. As principais reivindicações incluem a modernização do seguro rural e a ampliação dos recursos destinados ao custeio, comercialização, investimentos e agricultura familiar.


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