O mercado brasileiro de soja registrou preços entre estáveis e mais baixos na quarta-feira (11), com poucas negociações efetivadas. Segundo o consultor da Safras & Mercado, Rafael Silveira, o cenário foi marcado por lentidão nas operações e por uma combinação de fatores que limitaram a competitividade nas cotações. A pressão veio principalmente da queda dos contratos futuros na Bolsa de Chicago e da desvalorização do dólar frente ao real. Apesar de uma leve elevação nos prêmios de exportação, esse movimento foi insuficiente para equilibrar o impacto negativo dos demais fatores que influenciam o preço.
Nos principais polos produtores e portuários do Brasil, a soja manteve os preços estáveis em cidades como Passo Fundo, Santa Rosa, Porto de Rio Grande, Cascavel e Rondonópolis. No entanto, houve pequenas quedas em locais como o Porto de Paranaguá, Dourados e Rio Verde, refletindo o cenário de pouca liquidez e cautela dos compradores. Na Bolsa de Mercadorias de Chicago, os contratos futuros da soja fecharam o dia em baixa, revertendo ganhos iniciais que haviam ocorrido após o anúncio de um acordo comercial entre China e Estados Unidos. A mudança de direção refletiu a previsão de clima favorável para o desenvolvimento das lavouras norte-americanas e a cautela dos investidores diante dos dados de oferta e demanda que serão divulgados pelo USDA nesta quinta-feira.
Autoridades norte-americanas expressaram otimismo em relação aos acordos internacionais em andamento, mas o mercado agrícola permanece cético quanto aos efeitos práticos no curto prazo. O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou que a China atravessa um momento estratégico de transição econômica e pode se beneficiar ao focar no consumo doméstico. Para a nova safra dos Estados Unidos em 2025/26, analistas esperam um pequeno corte na produção, com leve aumento nos estoques.
A produção está estimada em 4,338 bilhões de bushels, enquanto os estoques devem subir para 302 milhões. Globalmente, os estoques finais de soja para 2024/25 devem atingir 123,1 milhões de toneladas, com elevação para 124,6 milhões em 2025/26. O USDA também deve revisar para cima a produção brasileira de soja, de 169 para 169,2 milhões de toneladas, mantendo a estimativa da Argentina em 49 milhões.
No mercado cambial, o dólar comercial recuou 0,55% nesta quarta-feira, cotado a R$ 5,5382 para venda. A moeda oscilou durante o dia entre R$ 5,5216 e R$ 5,5806, refletindo fluxo estrangeiro e ajustes técnicos no mercado de câmbio. Essa queda do dólar frente ao real contribuiu para pressionar ainda mais as cotações da soja no Brasil, já que o câmbio é um fator importante para a competitividade das exportações brasileiras.
Cotação no mercado doméstico
Nesta quarta-feira, os preços da soja no mercado brasileiro oscilaram entre estabilidade e queda em diversas praças. Em Passo Fundo (RS), a saca permaneceu em R$ 130, mesma cotação registrada em Santa Rosa (R$ 131), no Porto de Rio Grande (R$ 135), em Cascavel (PR), com R$ 129, e em Rondonópolis (MT), com R$ 117. Já no Porto de Paranaguá (PR), houve leve recuo, com a cotação passando de R$ 135 para R$ 134,50. Em Dourados (MS), o preço caiu de R$ 120 para R$ 119, enquanto em Rio Verde (GO) a saca passou de R$ 119,50 para R$ 118.