A primeira semana de junho começou com apreensão para os produtores de soja. Mesmo com leve recuperação nas cotações internacionais, os preços seguem pouco atrativos, enquanto os custos de produção aumentam, impondo desafios significativos para o planejamento da safra 2025/26.
De acordo com análise da plataforma Grão Direto, fatores externos, como a retomada do diálogo comercial entre Estados Unidos e China, o avanço da semeadura nos EUA e a desvalorização do dólar no Brasil, foram os principais vetores de oscilação no mercado. O contrato de julho de 2025 na Bolsa de Chicago (CBOT) fechou a semana em US$ 10,58 por bushel, alta de 1,54%, enquanto o vencimento para março de 2026 subiu 0,95%, para US$ 10,60.
No entanto, a boa evolução da safra norte-americana freou uma alta mais consistente. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), 84% da área de soja já está semeada, e 67% das lavouras estão em boas ou excelentes condições. Com o relatório de oferta e demanda global (WASDE) previsto para esta terça-feira (11), o mercado ajusta posições à espera de novos dados.
No Brasil, os preços internos da soja tiveram leve valorização, seguindo o mercado internacional, enquanto o dólar caiu 2,62%, encerrando a R$ 5,57. Essa queda foi impulsionada por anúncios do governo brasileiro sobre medidas fiscais, como a taxação de apostas e o fim da isenção de Imposto de Renda para LCI e LCA.
Com a colheita do milho safrinha em andamento, os produtores já iniciam o planejamento da nova safra de soja. Mas o cenário é desafiador. Em estados como Mato Grosso, Goiás, Tocantins e nas regiões do Matopiba, os custos de produção seguem elevados e pressionam as margens, especialmente nas áreas arrendadas — onde já se projetam perdas.
A indefinição climática também pesa. A decisão sobre o tamanho da área plantada dependerá das previsões de produtividade e do comportamento do mercado nos próximos meses.
No cenário externo, investidores acompanham com atenção as negociações entre China e EUA. A China ainda tem posições em aberto para abastecer os meses de agosto e setembro, antes da nova safra americana. Um eventual avanço diplomático com expectativa de encontro entre Donald Trump e Xi Jinping pode destravar compras e movimentar o mercado.