A safra de soja 2024/25 em Mato Grosso quebra recordes de produtividade média. É superior a 66 sacas por hectare. O desempenho representa um salto de 14 sacas em relação à temporada anterior e é o maior já registrado no estado, segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). As condições climáticas foram o principal fator para o resultado, com chuvas bem distribuídas e temperaturas mais amenas durante todo o ciclo da cultura.
As conclusões foram apresentadas durante a 25ª edição do Encontro Técnico da Soja, realizado em Cuiabá pela Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT). De acordo com a entidade, o clima favorável contrastou com a safra anterior, marcada por ondas de calor. A regularidade das chuvas e o equilíbrio térmico criaram o cenário ideal para o desenvolvimento das lavouras em praticamente todo o território mato-grossense.
Outro fator decisivo foi a escolha das cultivares. A Fundação MT expandiu sua base experimental, com mais de 1.600 parcelas instaladas em seis regiões estratégicas: Sapezal, Nova Mutum, Itiquira, Sorriso, Primavera do Leste e Alta Floresta. As chamadas “vitrines de cultivares” avaliam o desempenho genético das variedades em diferentes ambientes de produção, orientando produtores sobre as opções mais adaptadas às suas condições locais.
Um dos destaques veio de Sapezal, onde uma cultivar alcançou 93 sacas por hectare em experimento de campo, reforçando o papel do material genético no aumento da produtividade. Esse desempenho excepcional combina tecnologia de ponta e o aproveitamento das condições climáticas excepcionais da safra.
A Fundação MT também voltou sua atenção para novas fronteiras agrícolas, como o Vale do Guaporé, o Vale do Araguaia e Alta Floresta — regiões tradicionalmente voltadas à pecuária ou sistemas integrados. Nesses locais, o cultivo da soja exige adaptações específicas, já que fatores como chuvas frequentes e baixa radiação solar podem limitar o desenvolvimento das plantas.
Em Alta Floresta, por exemplo, mesmo com uma boa distribuição de chuvas, a menor incidência de luz impõe restrições ao crescimento vegetal. Para contornar os desafios, os produtores vêm adotando manejos personalizados, baseados em dados locais e acompanhamento técnico contínuo. A nova safra confirma que, em Mato Grosso, produtividade recorde é fruto da soma entre clima no ponto, ciência e decisões assertivas no campo.