Plano safra deve ter mais recursos, mas acesso ao crédito ficará mais rigoroso

Mudanças do Conselho Monetário Nacional ampliam oferta de financiamento rural, mas exigem critérios mais duros para liberação de empréstimos

- Da Redação, com Canal Rural
02/06/2025 08h25 - Atualizado há 1 dia
Plano safra deve ter mais recursos, mas acesso ao crédito ficará mais rigoroso
Foto: reprodução

A próxima edição do Plano Safra 2025/2026 deve contar com mais recursos para o crédito rural, graças a uma mudança aprovada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que elevou de 30% para 31,5% o percentual dos depósitos bancários que devem ser obrigatoriamente direcionados ao financiamento agropecuário. A medida tem como objetivo ampliar a oferta de crédito ao setor produtivo, mas trará também novas exigências e um ambiente mais seletivo para os produtores.
 

Segundo o diretor financeiro da Plantae Agrocrédito, Paulo Ricardo Miralha Sampaio, esse tipo de exigibilidade é fundamental para garantir que o financiamento chegue ao campo. “O governo determina em que área e percentual os bancos devem aplicar parte dos recursos captados junto ao mercado. No caso do crédito rural, esse direcionamento é essencial para garantir a produção agropecuária”, explica.
 

Entre as mudanças anunciadas, está também a responsabilidade atribuída às cooperativas de crédito de controlar o fluxo e o cumprimento das exigibilidades de suas filiadas. A alteração será implantada de forma gradual ao longo de quatro anos, o que pode facilitar a operação e tornar o sistema mais eficiente.
 

Apesar da maior disponibilidade de recursos, o cenário de inadimplência elevada no setor preocupa as instituições financeiras. A tendência, segundo Sampaio, é que os bancos sejam mais rigorosos na hora de liberar os empréstimos. “O acesso deve ser mais seletivo. Os produtores vão precisar apresentar mais garantias e estar com a situação financeira em dia para conseguir os financiamentos”, afirma.
 

Outro ponto de atenção é o contexto econômico. A alta da taxa Selic e as limitações fiscais do governo federal reduzem a capacidade do Tesouro Nacional de subsidiar os juros, o que torna o custo do crédito mais caro para o produtor. “O ambiente será desafiador para o crédito rural neste novo ciclo do Plano Safra”, avalia o especialista.
 

Com início previsto para julho, o novo ciclo agropecuário exigirá planejamento dos produtores. A recomendação é buscar parcerias com tradings e agroindústrias para garantir o custeio dos insumos e, quando possível, fazer hedge de parte da produção. “Isso ajuda a proteger o preço de venda e assegura maior previsibilidade. Além disso, é essencial enxugar os custos e manter uma postura prática e realista diante do cenário”, orienta Sampaio.

 

 


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