A próxima edição do Plano Safra 2025/2026 deve contar com mais recursos para o crédito rural, graças a uma mudança aprovada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que elevou de 30% para 31,5% o percentual dos depósitos bancários que devem ser obrigatoriamente direcionados ao financiamento agropecuário. A medida tem como objetivo ampliar a oferta de crédito ao setor produtivo, mas trará também novas exigências e um ambiente mais seletivo para os produtores.
Segundo o diretor financeiro da Plantae Agrocrédito, Paulo Ricardo Miralha Sampaio, esse tipo de exigibilidade é fundamental para garantir que o financiamento chegue ao campo. “O governo determina em que área e percentual os bancos devem aplicar parte dos recursos captados junto ao mercado. No caso do crédito rural, esse direcionamento é essencial para garantir a produção agropecuária”, explica.
Entre as mudanças anunciadas, está também a responsabilidade atribuída às cooperativas de crédito de controlar o fluxo e o cumprimento das exigibilidades de suas filiadas. A alteração será implantada de forma gradual ao longo de quatro anos, o que pode facilitar a operação e tornar o sistema mais eficiente.
Apesar da maior disponibilidade de recursos, o cenário de inadimplência elevada no setor preocupa as instituições financeiras. A tendência, segundo Sampaio, é que os bancos sejam mais rigorosos na hora de liberar os empréstimos. “O acesso deve ser mais seletivo. Os produtores vão precisar apresentar mais garantias e estar com a situação financeira em dia para conseguir os financiamentos”, afirma.
Outro ponto de atenção é o contexto econômico. A alta da taxa Selic e as limitações fiscais do governo federal reduzem a capacidade do Tesouro Nacional de subsidiar os juros, o que torna o custo do crédito mais caro para o produtor. “O ambiente será desafiador para o crédito rural neste novo ciclo do Plano Safra”, avalia o especialista.
Com início previsto para julho, o novo ciclo agropecuário exigirá planejamento dos produtores. A recomendação é buscar parcerias com tradings e agroindústrias para garantir o custeio dos insumos e, quando possível, fazer hedge de parte da produção. “Isso ajuda a proteger o preço de venda e assegura maior previsibilidade. Além disso, é essencial enxugar os custos e manter uma postura prática e realista diante do cenário”, orienta Sampaio.