COP30 no Brasil: entre avanços reais e desafios persistentes

Três décadas após a primeira Cúpula do Clima, o país recebe a conferência com resultados ambíguos em redução de desmatamento e transição energética

Fred Almeida - Com informações da CNN Brasil
15/05/2025 08h49 - Atualizado há 1 dia
COP30 no Brasil: entre avanços reais e desafios persistentes
Foto: reprodução

Quando a primeira COP foi realizada em Berlim em 1995, o Brasil era visto como um ator secundário nas discussões climáticas globais. Trinta anos depois, ao sediar a COP30 em Belém, o país chega com uma posição paradoxal: avanços mensuráveis, mas insuficientes para o tamanho dos desafios que enfrenta. Os números recentes mostram uma realidade complexa. A redução de 50% no desmatamento nos últimos dois anos - após picos históricos no período anterior - ainda mantém a taxa acima dos níveis ideais.

A matriz energética, embora majoritariamente renovável (85%), segue dependente de hidrelétricas com impactos socioambientais questionáveis e avança lentamente em eólica e solar. O Acordo de Paris, marco da COP21, estabeleceu metas claras que o Brasil revisou três vezes - um sinal da dificuldade em conciliar desenvolvimento econômico e compromissos climáticos. 

A saída dos EUA do acordo em 2021 fragilizou o mecanismo de financiamento global, deixando países em desenvolvimento como o Brasil em posição ainda mais vulnerável. A COP30 ocorre em um momento crítico: O mecanismo de créditos de carbono brasileiro, embora promissor, ainda não demonstrou escala suficiente. A bioeconomia amazônica avança em ritmo muito inferior ao necessário. 

Os US$ 300 bilhões anuais aprovados na COP29 se mostram insuficientes diante das necessidades, alertam que sediar a conferência na Amazônia traz tanto oportunidades quanto riscos. O Brasil terá que explicar por que, mesmo com tecnologia e conhecimento, ainda convive com taxas altas de desmatamento ilegal. 

Trinta anos após a primeira COP, o Brasil chega à conferência de Belém com uma lição clara: ter uma floresta tropical gigantesca não é o mesmo que saber protegê-la. E sediar uma cúpula climática está longe de significar ter resolvido seus próprios dilemas ambientais. A verdadeira prova começará quando as delegações internacionais partirem e os compromissos precisarem virar realidade no dia a dia da política e da economia brasileiras.

 

 


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