A Embraer projeta um cenário mais favorável para o setor de aviação agrícola em 2025 e aposta na retomada das vendas como marco de um novo ciclo de crescimento. A companhia, que mantém sua linha de produção no município de Botucatu, interior de São Paulo, estima comercializar entre 60 e 70 aeronaves ao longo do ano — desempenho semelhante ao de 2024, mas sustentado por um sentimento renovado de otimismo.
“Este ano já percebemos um otimismo maior que no ano passado, que também foi bom. A gente acha que este ano marca uma virada”, afirmou Sany Onofre, líder da divisão agrícola da Embraer, durante a Agrishow, maior feira do setor no país, encerrada no dia 2 de maio.
A planta de Botucatu tem capacidade para produzir até 100 aeronaves por ano sem necessidade de novos investimentos. Apesar de não operar no limite, a empresa mantém a produção regular do modelo Ipanema, principal referência da marca na aviação agrícola nacional e um dos símbolos da mecanização do campo brasileiro.
Com mais de 50 anos de história, o Ipanema segue sendo o avião mais vendido do Brasil em todos os segmentos. A geração atual é movida 100% a etanol, com quase 400 unidades entregues desde seu lançamento. A frota ativa no país é estimada em 1.200 aeronaves.
Segundo a Embraer, o modelo é uma alternativa economicamente viável à pulverização terrestre em grandes propriedades. Um Ipanema custa cerca de R$ 4 milhões, dependendo dos equipamentos instalados, e produtores com áreas superiores a 1,5 mil hectares já conseguem justificar o investimento na aquisição de uma aeronave própria. “O Ipanema é mais barato e eficiente que quatro pulverizadores terrestres”, compara Onofre.
De olho na transformação digital do campo, a Embraer também investe em tecnologia com o lançamento da plataforma Agro Explore, voltada ao mapeamento de fazendas. A ferramenta utiliza imagens de satélite da Visiona, empresa do grupo, para detectar falhas de plantio e focos de pragas, gerando recomendações de aplicação precisa e localizada.
A companhia reconhece o avanço dos drones na agricultura, mas não os considera concorrentes diretos. “São tecnologias complementares. O importante é usar a ferramenta certa para cada tipo de operação”, explica o executivo, lembrando que o Ipanema carrega até mil litros de produto, enquanto drones agrícolas operam com cerca de 40 litros.
Com otimismo no mercado e foco em inovação, a Embraer espera consolidar seu protagonismo na aviação agrícola brasileira e atender à crescente demanda por soluções tecnológicas no agronegócio.