Senador acusa governo de apoiar invasões de terra e critica viés ideológico na reforma agrária

Zequinha Marinho diz que MST atua com liberdade e cobra providências para garantir segurança jurídica no campo

- Da Redação, com Canal Rural
15/04/2025 09h21 - Atualizado há 4 dias
Senador acusa governo de apoiar invasões de terra e critica viés ideológico na reforma agrária
Foto: Andressa Anholete/Agência Senado

O presidente da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) do Senado, Zequinha Marinho (Podemos-PA), afirmou que as recentes invasões de terra promovidas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) contam com apoio indireto do governo federal. Segundo levantamento da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), o movimento já realizou cerca de 30 invasões em 2025, o que tem gerado preocupação no setor rural.

Para o senador, o agronegócio, responsável por uma fatia significativa das exportações e geração de renda do país, não pode ser deixado à mercê de ações que, em sua visão, promovem insegurança jurídica. “Se o governo quer fazer reforma agrária, que compre terra e assente famílias de forma planejada. Invasão não pode ser o caminho. Isso é inaceitável”, declarou Marinho, durante audiência pública realizada na última quarta-feira (9).

O parlamentar também destacou que o viés ideológico da atual gestão está por trás da tolerância às ações do MST. “Não entendo por que é preciso invadir terra para depois comprar e repassar. O governo tem meios de executar a reforma agrária com civilidade e sem conflitos.”

O comentarista político Miguel Daoud, do Canal Rural, reforçou as críticas, apontando que durante o governo anterior, de Jair Bolsonaro, não houve invasões, mesmo com a mesma legislação em vigor. “O MST está muito à vontade neste governo. A proximidade do movimento com o presidente Lula é notória. Isso mostra leniência com ações ilegais”, afirmou.

A Comissão de Agricultura estuda projetos de lei para punir quem participar de invasões de terra, incluindo propostas que preveem a suspensão de benefícios sociais como o Bolsa Família. “Todos os projetos que visem criminalizar essas ações precisam ser pautados e avançar. Precisamos tratar a reforma agrária com seriedade e responsabilidade”, disse Marinho.

Segundo ele, há maneiras de cadastrar famílias interessadas em trabalhar com a terra sem submetê-las a acampamentos. “Temos vários modelos possíveis. O próprio ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), Paulo Teixeira, admite que há cerca de 180 acampamentos no Brasil. Muitas dessas pessoas estão lá por falta de alternativa, não por convicção.”

Miguel Daoud foi além e criticou o modelo atual de assentamentos. “Muitas famílias são usadas como massa de manobra. Não têm infraestrutura básica. Invasão é crime e precisa ser tratada como tal.”

O senador também criticou o papel de ONGs estrangeiras na região amazônica, especialmente no Pará, estado que representa. Para ele, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e o dos Povos Indígenas estão “turbinados” e atuam em alinhamento direto com o MST e lideranças indígenas. “No Pará, há pedidos para criação de 46 novas terras indígenas. Estamos preparando as lideranças locais para contestar isso administrativa e judicialmente. Não há indígenas suficientes para ocupar tantas áreas”, afirmou.


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