O hidrogênio verde é uma das grandes apostas para um futuro mais sustentável. Produzido a partir de energia renovável, ele pode substituir combustíveis fósseis e reduzir drasticamente a emissão de gases do efeito estufa. No entanto, apesar do potencial promissor, o avanço dessa tecnologia no Brasil esbarra em desafios financeiros e regulatórios que precisam ser superados para que os projetos saiam do papel.
Atualmente, mais de uma dúzia de projetos para a instalação de plantas de hidrogênio verde estão paralisados à espera de uma definição sobre quem vai financiar os empreendimentos. O impasse envolve duas agências reguladoras: a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) e a ANP (Agência Nacional de Petróleo). A questão central é o uso de recursos do Programa de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da ANEEL, que seriam utilizados para bancar parte dos investimentos. Mas há preocupações sobre o alto valor envolvido e o baixo percentual de contrapartida das empresas.
Para se ter uma ideia, dos R$ 1,4 bilhão previstos para os projetos, apenas R$ 367 milhões seriam bancados diretamente pelas empresas, enquanto o restante viria do fundo financiado pelos consumidores de energia. O diretor-geral da ANEEL, Sandoval Feitosa, questiona essa divisão e busca alternativas para aumentar a participação da iniciativa privada. Além disso, com a nova legislação, a regulação do hidrogênio de baixo carbono passou para a ANP, o que exige um alinhamento entre as duas agências para evitar conflitos de competência.
Enquanto isso, grandes empresas como Petrobras, Neoenergia e Eneva aguardam definições para seguir com suas plantas-piloto. O setor pressiona por uma solução, e a possibilidade de uma portaria conjunta entre a ANEEL e a ANP vem sendo discutida para estabelecer critérios claros de financiamento e priorização dos projetos.
O Brasil tem condições favoráveis para liderar o mercado de hidrogênio verde, com um enorme potencial de geração de energia renovável. Mas, para que essa oportunidade se concretize, é essencial destravar os investimentos e criar um ambiente regulatório mais eficiente. A busca por novas fontes de financiamento, como o BNDES e a FINEP, pode ser um caminho para garantir que a inovação avance e o país se posicione como um protagonista na transição energética global.