Semana de Carnaval no Brasil e poucos ou quase nenhum negócio em operação no mercado de gado gordo do Brasil. E, mesmo com a reabertura das posições nesta Quarta-feira de Cinzas, devemos ter alguma movimentação na quinta-feira, mas sem grandes expectativas quanto aos lançamentos.
As novidades da semana ficam por conta de fatores da geopolítica e também da comercialização internacional que envolvem o principal parceiro comercial do Brasil, a China. Vieram em dois comunicados oficiais do Departamento de Alfândegas da China, um na segunda e outro na terça-feira, o primeiro com suspensões a unidades frigoríficas do Brasil, Uruguai e Argentina e, outro, com as tarifas anunciadas a produtos norte-americanos.
Já tem um tempo que tenho escrito por aqui sobre a pressão que as empresas chinesas compradoras de carne bovina têm exercido em indústrias frigoríficas brasileiras para buscar preços menores pela tonelada da carne bovina paga. Em novembro do último ano houve uma intensificação deste cenário na segunda quinzena daquele mês, o que resultou em embarques menores em dezembro/24, quando comparado ao mesmo período sazonal.
Apesar da manobra, janeiro de 2025 teve o registro de preços médios acima de US$ 5.000 por tonelada, exportado pelas indústrias ao mercado chinês e fevereiro deve ter um preço muito parecido. Frente a este cenário e, sem muitas explicações, o Departamento de Alfandegas do país asiático anunciou suspensão das unidades exportadoras de Nanuque/MS, Presidente Prudente/SP e Mozarlândia/GO. Frente ao número de unidades habilitadas para exportar (30), as três plantas fabris não implicam nenhuma redução de volume, já que a demanda será absorvida por outras unidades do país, mas a ação tem força para agir na precificação regional.
Em outra linha, o Contra-ataque da China nos Estados Unidos veio na última terça-feira. Com anúncios relevantes de taxas que entram em vigor a partir de 10 de março, com taxações em 15% para frango, milho, trigo e algodão, estes produtos tiveram alta de 5 p.p. eles já eram tributados em 10%.
Produtos dos EUA que não pagavam nada para entrar na China foram tributados em 10%, entre eles, soja, sorgo, carnes suína, carne bovina, frutas, vegetais e laticínios. Também algumas empresas norte-americanas ganharam restrições de exportação e investimentos. Em conversas com alguns economistas nesta última terça-feira, o posicionamento é que a “de maneira controversa, o governo Trump consegue transformar a China em uma parceiro comercial ainda mais desejável”. Para o Brasil e Argentina, no âmbito do comércio agropecuário, o conflito entre as duas maiores potências econômicas do mundo deve gerar resultados interessantes.