Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, discursou diante do Congresso americano na noite desta terça-feira (4), destacando as principais medidas adotadas por seu governo nas primeiras seis semanas de mandato. Em tom otimista, Trump afirmou que sua administração estava “apenas começando” e reforçou a ideia de que sua vitória eleitoral representou um “mandato” da população americana.
Durante o discurso, houve momentos de tensão, especialmente quando membros do partido democrata interromperam a fala do presidente com protestos. O congressista Al Green chegou a ser removido do plenário após se manifestar contra Trump.
Superada a interrupção, o presidente seguiu seu pronunciamento listando iniciativas voltadas para imigração e redução da burocracia federal. Ele também celebrou a saída dos Estados Unidos da Organização Mundial da Saúde (OMS) e o fechamento da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), medidas que, segundo ele, reforçam a soberania do país.
Trump aproveitou a ocasião para se defender das acusações criminais que enfrenta, alegando que elas fazem parte de uma perseguição política orquestrada pelo ex-presidente Joe Biden. O republicano não poupou críticas ao seu antecessor, chamando-o de “o pior presidente da história dos Estados Unidos”. Além disso, responsabilizou Biden pela inflação e reforçou a necessidade de um corte de impostos. “Agora, pela primeira vez na história moderna, mais americanos acreditam que nosso país está indo na direção certa”, declarou.
Ao falar sobre comércio internacional, Trump defendeu a imposição de tarifas e citou o Brasil como um dos países que, segundo ele, “cobram demais dos Estados Unidos”. Na terça-feira, seu governo anunciou a aplicação de uma tarifa de 25% sobre todos os produtos vindos do Canadá e do México, além de um imposto de 10% sobre mercadorias chinesas. O presidente argumentou que essas medidas incentivam a produção doméstica e fortalecem a economia americana.
Além disso, ele ordenou uma investigação sobre o comércio de madeira, uma decisão que pode impactar diretamente o Brasil. Embora a medida possa resultar em aumento de preços para consumidores americanos em itens como café, tomates e gasolina, Trump insistiu que seu foco está na proteção da indústria nacional.
Outro momento que chamou atenção no discurso foi a menção ao bilionário Elon Musk. Trump agradeceu o empresário pelo trabalho no Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), um órgão criado para reduzir a máquina pública. Segundo ele, Musk tem liderado esforços para cortar gastos, reestruturar agências governamentais e obter acesso a dados confidenciais para, segundo o departamento, “restaurar a democracia”.
No entanto, essa atuação tem gerado polêmica. Os tribunais estão analisando se as ações do DOGE violam leis de privacidade, direitos de funcionários públicos e até mesmo os princípios constitucionais de equilíbrio entre poderes. O ritmo acelerado da reestruturação preocupa até membros do próprio partido republicano, que temem impactos na segurança nacional. Um dos exemplos citados foi a demissão em massa de funcionários responsáveis pela manutenção das armas nucleares do país, que precisaram ser recontratados às pressas.
Com um discurso firme e repleto de promessas, Trump deixou claro que sua administração seguirá apostando em cortes governamentais, tarifas comerciais e no fortalecimento da economia doméstica. Resta saber como essas decisões serão recebidas pelo Congresso e pela população americana nos próximos meses.