O preço do café tende a continuar em alta nas próximas semanas, pelo menos até a colheita da safra deste ano, prevista para começar entre abril e maio, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic). O aumento nos preços é principalmente atribuído a fatores climáticos que impactam a produção do grão. Além disso, o crescimento do consumo global e o ingresso da China como novo mercado consumidor também influenciam essa tendência.
A Abic projeta que esse aumento nos preços se manterá por mais dois ou três meses. Após esse período, espera-se uma estabilização, com uma possível queda nos preços, mas isso só deve acontecer após a safra do próximo ano.
Desde novembro de 2023, o preço do café tem registrado alta, e esse fenômeno não se limita ao Brasil, o maior exportador mundial, que representa cerca de 40% da produção global. Outros países como Vietnã e Colômbia também foram impactados.
Quebras de safra, causadas por fenômenos climáticos, explicam a situação atual. Em 2020, a safra brasileira foi recorde, mas os anos seguintes foram desfavoráveis devido a geadas em 2021, secas e altas temperaturas em 2022, e os efeitos do El Niño e La Niña em 2023. Como resultado, a safra deste ano será ligeiramente menor que a do ano passado.
“Isso é muito ruim para a lavour. Esse acúmulo de quatro anos de problemas climáticos e o crescimento da demanda global dão a explicação dessa escalada de preços no café”, ressaltou afirmou o presidente da Abic, Pavel Cardoso
Diante dessas dificuldades, os produtores tiveram que aumentar os custos de produção. A indústria sofreu aumentos superiores a 200% e precisou repassar cerca de 38% desse aumento ao consumidor. Esse cenário levou à alta dos preços nas bolsas internacionais, com a cotação do café atingindo níveis históricos. Na Bolsa de Nova York, os contratos de café arábica chegaram a US$ 3,97 a libra-peso, estabelecendo um novo recorde.
“Em relação a esse recorde, que está quase chegando a US$ 4 a libra-peso, muito se atribuiu a uma potencialização dessa oferta curta. É uma entrada forte de fundos que gera um número histórico, mas que é potencialmente importante para a reflexão de todo o setor. Esse momento é ganho para todos? É uma situação que cabe a todos nós refletir”, concluiu Cardoso.