O ano de 2024 ficará marcado no mercado pecuário brasileiro pela volatilidade e pelo dinamismo, segundo Fernando Iglesias, analista da consultoria Safras & Mercado. Com agressivas oscilações nos preços do boi gordo ao longo do ano, a palavra de ordem para o setor foi adaptação.
“O primeiro semestre trouxe o clássico movimento de quedas, com preços mínimos no segundo trimestre, durante o auge da safra do boi gordo. Já o segundo semestre foi de recuperação explosiva, culminando em máximas históricas na arroba do boi gordo,” avaliou Iglesias.
Exportações
Dados oficiais indicam que o setor registrou um volume recorde de abates em 2024, com mais de 38,6 milhões de bovinos abatidos, um aumento de 13% em relação a 2023. Este crescimento foi impulsionado, em grande parte, pela maior participação de fêmeas no abate.
Apesar do aumento na oferta, a demanda internacional sustentou os preços no terceiro trimestre. Cerca de 40% da produção brasileira de carne foi destinada ao mercado externo, estabelecendo um novo recorde histórico de exportações.
Volatilidade no fim do ano
A volatilidade ficou ainda mais evidente no último trimestre de 2024. Após atingir picos de preços históricos em novembro, a arroba do boi gordo despencou, refletindo a redução da demanda doméstica e as dificuldades das indústrias em manter margens de lucro.
“O estrangulamento da demanda interna forçou as indústrias a testar patamares de preço cada vez mais baixos. Esse cenário reforça o quanto o mercado mudou e exige maior preparação por parte dos agentes,” pontuou o analista.
Para Iglesias, 2024 deixou claro que o mercado pecuário está mais dinâmico e desafiador do que nunca. Ele destaca a importância do hedge como ferramenta indispensável para proteger os participantes das oscilações intensas.
“O mercado pecuário brasileiro exige estratégias coerentes para lidar com um ambiente cada vez mais hostil. O hedge deixou de ser uma opção e se tornou vital para a sobrevivência do setor,” concluiu.