O Plano Nacional de Rastreabilidade Individual de Bovinos e Bubalinos, anunciado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), é considerado um marco para a pecuária brasileira, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). O plano tem o objetivo de aprimorar o controle da qualidade e a segurança alimentar, fortalecer a defesa agropecuária e expandir o acesso a mercados internacionais.
A iniciativa é resultado de um Grupo de Trabalho coordenado pela Secretaria de Defesa Agropecuária e contou com a participação de entidades da cadeia produtiva, como a Abiec. Para o presidente executivo da associação, Roberto Perosa, a rastreabilidade individual obrigatória é um avanço decisivo. “Ela permitirá respostas rápidas a emergências sanitárias, fortalecerá a confiança dos mercados internacionais e protegerá a cadeia produtiva contra prejuízos. Além disso, moderniza o setor e será essencial para abrir e manter mercados estratégicos.”
Embora o Brasil já tenha um sistema de rastreabilidade baseado na movimentação de lotes por meio da Guia de Trânsito Animal (GTA), o novo plano introduz o controle individual dos animais. Tecnologias como bottons e brincos eletrônicos serão usadas para identificar cada bovino ou bubalino, permitindo monitoramento detalhado e aumentando a eficiência do sistema.
Benefícios
Para os produtores, o sistema de rastreabilidade individual representa uma oportunidade de melhorar a gestão de rebanhos e propriedades. “A implementação gradual, baseada em etapas progressivas, dará ao setor o tempo necessário para se adaptar”, destacou Perosa.
O plano foi desenvolvido com foco em alcançar consenso entre as partes interessadas, mas Fernando Sampaio, diretor de Sustentabilidade da Abiec, ressaltou que serão necessários esforços públicos e privados, especialmente para apoiar pequenos produtores na adaptação.
“As regras foram pensadas para facilitar a adoção da rastreabilidade e garantir a eficiência, sobretudo no registro de movimentações e na interoperabilidade de sistemas estaduais e nacionais”, afirmou.
O cronograma de implementação prevê três etapas: desenvolvimento do sistema nacional, integração dos sistemas estaduais e identificação gradual dos rebanhos. Alguns estados já estão se antecipando ao plano nacional. Santa Catarina, por exemplo, já implementou a rastreabilidade individual obrigatória, enquanto Pará e São Paulo estão em processo de adesão.
Mercado Internacional
O Brasil, maior exportador mundial de carne bovina, envia seus produtos para mais de 150 países. A rastreabilidade individual é vista como um fator determinante para atender às exigências crescentes dos mercados internacionais, garantindo a qualidade e a segurança alimentar.
Para a Abiec, a modernização proporcionada pelo plano representa um passo essencial para consolidar a posição do Brasil como líder global na exportação de carne bovina e contribuir para a sustentabilidade da cadeia produtiva.