11/12/2024 às 08h45min - Atualizada em 11/12/2024 às 10h00min

​Ração Personalizada para Bovinos: Como Ajustar as Dietas de Acordo com a Fase de Produção

João Menezes
Foto: João Menezes
A alimentação é um dos principais fatores que influenciam a produtividade e a lucratividade da pecuária e é o maior custo depois dos animais. Bovinos em diferentes fases de produção possuem exigências nutricionais específicas que, quando atendidas, garantem melhor desempenho, saúde animal e otimização dos recursos. A personalização das dietas é, portanto, uma estratégia essencial tanto para sistemas a pasto quanto para o confinamento.

As exigências nutricionais nas diferentes fases de produção que os bovinos passam nas diversas fases de desenvolvimento, cada uma com necessidades nutricionais distintas. Segundo pesquisas, a formulação de rações deve considerar fatores como idade, peso, potencial genético, objetivo de produção (corte ou leite) e o tipo de manejo (pasto ou confinamento) (Tabela 1).
Tabela 1 - Exigências Nutricionais (Machos Não Castrados – NRC - 2016)



Na fase de crescimento que abrange os bovinos jovens até atingirem cerca de 60% do peso adulto, a exigência por proteína é elevada. Essa necessidade está relacionada à síntese de tecidos musculares e ao desenvolvimento estrutural do animal. A dieta nesta fase deve conter entre 14% e 16% de proteína bruta (PB), dependendo da qualidade da forragem e da suplementação disponível.

Nos sistemas a pasto, especialmente na época da seca, a qualidade das gramíneas tende a ser inferior, com baixo teor proteico. Nesse cenário, a suplementação com proteína verdadeira (como farelos) ou ureia balanceada é essencial para evitar atrasos no crescimento. Em confinamento, onde o controle da dieta é maior, fontes como volumosos e concentrados energético e proteicos permitem um melhor ajuste da dieta para atender às demandas.

Na fase de engorda ou terminação, o foco é maximizar o ganho de peso vivo e o acabamento de carcaça. Nesse momento, a exigência de energia supera a de proteína. A proporção de energia na dieta deve aumentar significativamente, alcançando 70% ou mais de nutrientes digestíveis totais (NDT).

Em sistemas a pasto, a oferta de forragem de alta qualidade é fundamental. O manejo do pasto, com técnicas como a adubação e a rotação de piquetes, pode garantir uma maior densidade energética da forragem. Contudo, a suplementação com grãos (como milho ou sorgo) é muitas vezes necessária para atingir os índices desejados.

No confinamento, a dieta é composta majoritariamente por concentrados energéticos e volumosos de alta digestibilidade. Uma ração ideal para esta fase deve conter de 12% a 14% de PB e elevado teor de NDT. O uso de aditivos como ionóforos e tamponantes também pode otimizar a eficiência alimentar e reduzir problemas metabólicos, como a acidose.

A personalização das dietas requer análise constante da qualidade dos ingredientes disponíveis e do desempenho dos animais. Isso inclui análise de forragens quanto aos teores de proteína, energia e fibra da forragem é crucial para ajustar a suplementação, monitoramento do ganho de peso, pois a pesagem periódica permite avaliar se as metas de desempenho estão sendo atingidas.

A utilização de tecnologias como software de formulação de dietas para ajustar os alimentos às necessidades dos animais e equipamentos como NIR (espectroscopia no infravermelho) para análise rápida de dietas ajudam a garantir maior precisão na elaboração das rações. Consideração do custo-benefício para ajustar a dieta para otimizar o retorno financeiro é essencial, especialmente em épocas de preços elevados de insumos e margens apertadas da pecuária.

Adequar a alimentação dos bovinos às suas necessidades específicas em cada fase de produção é uma estratégia indispensável para maximizar o desempenho e a lucratividade na pecuária. Bovinos em crescimento demandam maior teor de proteína para formar tecido magro, enquanto aqueles em engorda necessitam de mais energia para o acúmulo de gordura. A personalização, baseada em dados de pesquisa e no uso de tecnologias, garante um manejo alimentar eficiente, contribuindo para a sustentabilidade do setor.

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