26/11/2024 às 12h40min - Atualizada em 26/11/2024 às 12h40min
A grande pecuária brasileira e a ‘pequena’ empresa francesa
Fabiano Reis
Foto: Divulgação Tivemos uma das semanas mais movimentadas da cadeia produtiva da carne bovina com presidente de multinacional do varejo falando bobagem para seus compatriotas franceses quanto aos do Mercosul, nesta terça-feira (26) uma retratação de “meia culpa” “meia boca”,depois de pressão interna no Brasil e, claro, tivemos o boi seguindo sua tendência de alta.
Alexandre Bonapard é nome do sujeito causador de um grande constrangimento e revolta de produtores rurais e até da indústria brasileira. A fala, “para a galera”, lá na França era para buscar um arrefecimento dos movimentos de insatisfação da fraca e pouco competitiva produção rural francesa, sem embargos ou travas para falar disso. Afinal, por lá, para se ter uma ideia, até os tonéis de vinhos da Argentina e Chile são sabotados para não competir com o produto local.
A reação no Brasil veio dos elos da produção e industrial, principalmente, com suspensão de fornecimento de carne bovina para a rede Carrefour e outras empresas do grupo. Houve pressão também do Ministério da Agricultura que convocou o embaixador da França, resultando em uma comunicação de desculpas tão mal fundamentada quanto a declaração pouco inteligente para uma empresa com tamanha operação no Brasil.
O fato é que o acordo União Europeia e Mercosul mostra toda a fragilidade dos europeus, principalmente, na produção de alimentos. As críticas e tentativas de levantar barreiras econômicas disfarçadas de barreiras de ambientais só mostram a falta de preparo. A falta de preparo está presente aqui no Brasil também e falou alto em artigo publicado com o nome “Carrefour faz espuma, mas frigoríficos servem picanha a investidores” no qual o desinformado colega afirmou que estradiol é um método para ganho de peso e que os animais que produzem carne bovina no País são criados em áreas invadidas. Não sabe nada sobre o sistema agroindustrial, método de produção em inseminação artificial por tempo fixo, sobre as fazendas brasileiras, Cota Hilton, rastreabilidade, sobre economia agro, mas publicou em jornal de circulação nacional. O bom jornalismo, ainda que opinativo, demanda pesquisa, apuração e responsabilidade.
Sobre a mensagem do Carrefour, você vai poder ler ao final do artigo, Bompard presta esclarecimentos ao ministro Carlos Fávaro, por demanda do representante brasileiro. Tenta passar a mensagem que a empresa descentralizada, com “raízes” no país no qual está fundado. Afirma também ser o principal parceiro do produtor francês, com preferência ao abastecimento regional. Escreveu também ter uma parceria de 50 anos com o Brasil, ter sido o presidente do grupo que mais investiu por aqui e gerar 130 mil postos de trabalho no País.
Pois bem. A liderança francesa não assume a responsabilidade pela desastrosa afirmação. Também, não presta esclarecimentos aos afetados e população, mensagem é direcionada ao ministro. Quando afirma ser o gigante varejista descentralizado entra no contraditório no próprio texto ao afirma ser ele o presidente que mais investiu no Brasil. Por fim, no meu entendimento, toda parceria precisa como base o respeito e um pouco de sensibilidade. Nenhuma multinacional está no Brasil por ser “parceira”, mas pelo país gerar fortes dividendos. No mais, sobre este tema, gerar os 130 mil postos de trabalho é algo muito importante, mas que o próprio varejo, outras empresas também fariam.
As indústrias retomaram o abastecimento interno no Brasil após o Ministério da Agricultura receber o comunicado.
Em relação ao mercado os preços seguem subindo e dentifiquei negócios de até R$ 370,00 por arroba de boi gordo, lote muito especial e acima do valor de referência, no interior de São Paulo. Independente da praça pesquisada os valores seguem em alta com demanda firme pelo boi para o abate, no mercado atacadista para carcaças de animais castrados ou inteiros. O impacto no comércio varejista é os preços seguem alta.