A pecuária sustentável precisa sair do discurso e virar prática real

Fred Almeida
04/09/2025 09h25 - Atualizado há 2 dias
A pecuária sustentável precisa sair do discurso e virar prática real
Foto: reprodução

A pecuária brasileira está diante de uma encruzilhada. De um lado, nós já mostramos avanços importantes em tecnologia, ciência e práticas de manejo que reduzem o impacto ambiental. De outro, seguimos presos a problemas antigos como o desmatamento, a degradação de pastagens e a desigualdade no acesso a crédito e informação entre produtores.

O Fórum Pré-COP 30, em Campo Grande, coloca em evidência o que todos nós já sabemos: o Brasil tem condições de liderar o mundo em pecuária sustentável. Mas isso só acontece se a ciência guiar as políticas públicas. Não dá mais para aceitar um modelo de produção que concentra 69% do rebanho em poucas mãos enquanto milhões de pequenos produtores ficam sem apoio.

As soluções estão na mesa. Diversificação de pastagens, integração lavoura-pecuária-floresta, confinamento estratégico, suplementação, melhoramento genético, protocolos de produção sustentável e atenção ao bem-estar animal. Todas essas medidas já existem, já funcionam e já mostram resultados. O que falta é torná-las acessíveis para todos os produtores, do pequeno ao grande.

Ao mesmo tempo, precisamos olhar para o futuro com seriedade. Se o Brasil quer se apresentar na COP 30 como potência agroambiental, precisa provar que produz carne com rastreabilidade, transparência e baixo carbono. Isso significa investir em ciência, recuperar áreas degradadas, estimular sistemas biodiversos e criar políticas que transformem sustentabilidade em renda.

A pecuária não pode continuar sendo vista como vilã das mudanças climáticas. Pelo contrário: quando bem conduzida, ela se torna parte da solução, integrando produção de alimentos, conservação ambiental e geração de riqueza. O que nós fazemos hoje define como o mundo nos verá amanhã.

Na minha opinião, o Brasil tem tudo para liderar essa agenda. Mas isso só acontece se deixarmos o discurso de lado e assumirmos a prática da pecuária sustentável como prioridade nacional.


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