Reconhecida pela eficiência em sistemas tropicais, a pecuária brasileira tem ampliado seu impacto ao unir qualidade e sustentabilidade, especialmente através da reciclagem de resíduos da agricultura. A avaliação foi feita por Liège Correia, diretora de Sustentabilidade da JBS Brasil, durante a COP29.
No painel “Produção Pecuária Sustentável no Cone Sul Americano”, realizado no sábado (16) em Baku, foram discutidas estratégias duradouras para o desenvolvimento do agronegócio, focando na qualidade dos produtos e serviços destinados ao consumidor final.
Um exemplo destacado por Correia foi a produção de etanol de milho, que gera o coproduto DDG, amplamente utilizado na alimentação de bovinos. “Debater o papel biológico do boi dentro dos sistemas alimentares é cada vez mais essencial”, afirmou a diretora.
O painel contou ainda com a participação de representantes de instituições como o Ministério da Agricultura e Pecuária, Embrapa, Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Procisur e a Agenda Global para a Pecuária Sustentável (GASL), organizada pela FAO.
Correia destacou o progresso do setor privado nos últimos anos, especialmente na recuperação de pastagens degradadas. “Se levarmos em consideração as áreas degradadas que o país pode recuperar para a produção de alimentos, o que também inclui grãos, o potencial do Brasil é gigantesco”,.
Ela também defendeu maior protagonismo do produtor rural no debate sobre práticas sustentáveis. “Muitas vezes a gente acaba falando em nome deles, mas não temos o componente do produtor que vai implementar isso com ciência. Por isso, é preciso integrá-los no dia a dia", argumentou.
A diretora enfatizou que o equilíbrio entre qualidade e sustentabilidade é essencial para atender às expectativas do mercado e alcançar metas climáticas.“Temos trabalhado incansavelmente para entregar o que o consumidor espera, que é a máxima qualidade dos produtos. Tudo isso com a sustentabilidade necessária para que possamos alcançar as metas climáticas definidas”, afirmou.
Por fim, Correia salientou a importância de democratizar informações sobre a produção tropical, ressaltando a eficiência do modelo brasileiro, que permite até três safras anuais em uma mesma área. “É possível plantar milho, soja, batata e capim na mesma área, e o boi atua como uma ferramenta para colher o pasto, evidenciando a integração entre agricultura e pecuária que define o sistema tropical”, concluiu.