08/11/2024 às 10h18min - Atualizada em 08/11/2024 às 10h18min
Agronegócio brasileiro pode ter ganho menor com guerra comercial de Trump e China
Expectativa é de que Brasil ganhe menos que na disputa de 2018, mas preços da soja nos portos brasileiros já refletem migração da demanda chinesa
- Da Redação, com MoneyTimes
Foto: reprodução A possível reedição de uma guerra comercial entre China e Estados Unidos, caso Donald Trump seja reeleito e imponha novas tarifas sobre produtos chineses, pode trazer ganhos ao agronegócio brasileiro, mas com um impacto menos significativo do que o visto em 2018. Durante a disputa comercial anterior, o Brasil viu suas exportações de soja, algodão, milho e carnes crescerem substancialmente, ocupando parte do espaço deixado pelos Estados Unidos.
Atualmente, a China já compra quase 75% de toda a soja que consome de lavouras brasileiras, e o apetite chinês, embora menor que no passado, ainda sustenta o mercado. Especialistas destacam que, caso as tarifas de Trump voltem a afetar a exportação de soja dos EUA para a China, o Brasil se beneficiará, mas com uma migração de demanda menos agressiva. Na quarta-feira (6), os prêmios da soja nos portos brasileiros já subiram, sinalizando um aumento nos preços para embarques futuros, como reação ao aumento da incerteza no mercado global.
Segundo Lucílio Alves, professor da Esalq/USP, o aumento dos prêmios portuários é uma resposta direta à expectativa de que a demanda chinesa se desloque para o Brasil caso as tarifas dos EUA sejam reinstauradas. Entretanto, os ganhos esperados são menores que os de 2018, uma vez que o Brasil já ampliou sua fatia nas importações chinesas e a China apresenta sinais de estagnação no consumo de soja.
O impacto das políticas protecionistas de Trump, além de gerar um fortalecimento do dólar, pode aumentar os custos de insumos para o Brasil, como fertilizantes, que são importados em grande parte. De acordo com Felipe Jordy, da consultoria Biond Agro, os prêmios elevados não compensariam completamente a queda nos preços da soja na bolsa de Chicago, que depende de uma série de fatores globais, como o acúmulo de estoque mundial e a força do dólar.