09/10/2024 às 11h47min - Atualizada em 09/10/2024 às 11h47min
Mercado de açúcar mantém estabilidade no curto prazo, mas quedas são projetadas para 2025
Baixa da produção brasileira e fatores logísticos limitam a oferta em 2024
- Da Redação, com Notícias Agrícola
Foto: Reprodução O mercado de açúcar deve permanecer estável no curto prazo, mas especialistas apontam para uma possível queda nos preços em 2025, à medida que a oferta global se recupera. Ana Zancaner, gerente de Análise e Advisory da Czarnikow, destacou que a safra de cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil em 2024 foi abaixo do esperado, em parte devido às condições climáticas desfavoráveis e a incêndios que afetaram a produção.
Como resultado, a moagem e o mix de açúcar ficaram aquém das projeções, com a produção total de açúcar prevista para fechar em cerca de 39 milhões de toneladas — uma redução de quase 10% em relação ao inicialmente estimado.
No início do ano, havia uma expectativa de que a safra fosse recorde, mas a realidade foi diferente. Mesmo com uma infraestrutura logística que operou de forma eficiente, a qualidade da cana não permitiu o aproveitamento total das usinas, limitando a produção. “Esperamos que o mix de açúcar fique em torno de 48,7%, abaixo do ano passado, o que reforça a tendência de manutenção dos preços no curto prazo", afirmou Zancaner.
Além dos fatores domésticos, o mercado internacional também impacta o cenário de preços. Segundo Zancaner, grandes players que inicialmente tinham uma visão baixista mudaram de posição, adquirindo açúcar na bolsa com a expiração do contrato de outubro, o que contribuiu para manter os preços nos níveis atuais. A exportação de açúcar indiano também segue suspensa pelo governo, o que limita a oferta global.
Expectativa de queda em 2025
Apesar da estabilidade no curto prazo, a expectativa de Zancaner é de que, em 2025, os preços possam cair com a recuperação das safras de cana-de-açúcar no Hemisfério Norte e a possibilidade de uma produção maior no Brasil. “Com uma oferta maior e a recomposição dos estoques, veremos uma pressão sobre os preços, que tendem a cair no próximo ano”, explicou.
Movimentação no mercado internacional e interno
No mercado internacional, os contratos futuros de açúcar tiveram variações leves. Na Bolsa de Nova York, o contrato de março/25 fechou em queda de 0,06 cents (0,27%), cotado a 22,49 cents/lbp, enquanto o contrato de maio/25 subiu 0,01 cents (0,05%), cotado a 20,94 cents/lbp. Em Londres, o contrato de açúcar branco para dezembro/24 teve queda de US$ 4,90 (0,86%), negociado a US$ 575,10 por tonelada, enquanto o contrato de março/25 subiu US$ 1,90 (0,33%), fechando em US$ 580,40 por tonelada.
No mercado interno, os preços também registraram oscilações. O açúcar cristal branco em São Paulo foi cotado a R$ 146,86 por saca, com uma leve queda de 0,07%, segundo o Indicador Cepea Esalq. Em Santos, o preço caiu 2,02%, sendo negociado a R$ 156,36 por saca. Em outras regiões, como Alagoas, Paraíba e Pernambuco, os preços variaram entre R$ 148,00 e R$ 155,47 por saca.
A tendência para o restante de 2024 é de um mercado ajustado, com os preços refletindo as condições limitadas de oferta. No entanto, a recomposição da produção global em 2025 pode trazer uma nova dinâmica, pressionando os preços para baixo e mudando o panorama atual do setor.