07/10/2024 às 11h57min - Atualizada em 07/10/2024 às 11h57min

Economia aquecida e juros altos geram impactos no agronegócio, aponta FGV agro

Especialista sugere ajustes estratégicos para os produtores rurais enfrentarem o cenário adverso

- Da Redação, com Canal Rural.
Foto: Reprodução
O agronegócio brasileiro, um dos principais pilares da economia do país, enfrenta atualmente um cenário desafiador marcado por inflação alta, juros elevados e oscilações no câmbio. Em entrevista ao Canal Rural, Felippe Serigati, pesquisador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas (FGV Agro), analisou os efeitos desses fatores econômicos sobre os produtores rurais e propôs estratégias para mitigar os impactos negativos, mantendo a competitividade do setor.

Segundo Serigati, a recente elevação da taxa Selic, que subiu 0,25 ponto percentual, reflete o esforço do Banco Central em conter a inflação, que tem se acelerado devido ao aquecimento da economia e a uma política fiscal expansionista. Ele destaca que o momento atual é o de maior expansão fiscal desde 2010, o que aumenta a demanda econômica e pressiona os salários para níveis acima da produtividade, afetando diretamente os custos de produção, especialmente em setores como o de proteína animal.

A alta dos juros também exerce pressão sobre o crédito agrícola, tornando-o mais caro e dificultando investimentos no campo. Além disso, a inflação dos insumos agrícolas, como fertilizantes e sementes, agrava a situação e força os produtores a reverem suas estratégias de investimento e controle de custos.

Diante desse cenário, Serigati recomenda que os produtores rurais façam uma análise detalhada de suas operações. Ele sugere que setores como a pecuária, que apresentam margens mais confortáveis, podem vislumbrar uma recuperação a partir de 2025, enquanto culturas como o milho exigem uma postura mais cautelosa. “Cada produtor deve avaliar sua realidade e planejar os ajustes necessários, o que pode incluir desde a redução da área plantada até a revisão do nível tecnológico empregado nas lavouras”, destacou.

Serigati também ressaltou a importância de uma gestão criteriosa, baseada em informações sólidas. Para enfrentar os desafios, ele aconselha a adoção de estratégias alinhadas às particularidades de cada mercado, considerando fatores como o comportamento dos preços das commodities e as condições climáticas.

Apesar da recente estabilização da inflação dos alimentos, o pesquisador alertou que essa estabilidade ainda é frágil e pode ser comprometida por variáveis externas, como o câmbio e o mercado internacional. “O câmbio afeta diretamente a rentabilidade das exportações. Um dólar a R$ 5,60 é muito diferente de um a R$ 4,90, o que impacta os produtores, especialmente na hora de adquirir insumos”, explicou Serigati.

Embora a desvalorização do real possa favorecer as exportações em alguns momentos, o aumento dos custos de produção, principalmente com insumos importados, exige planejamento cuidadoso e flexibilidade dos produtores para manter o equilíbrio financeiro.

Apesar das adversidades, Serigati mostrou-se otimista em relação ao futuro do agronegócio brasileiro. Ele acredita que, com uma gestão eficiente e uma visão estratégica, o setor pode superar o cenário econômico adverso e continuar crescendo. “O Brasil está bem posicionado entre as economias emergentes, mas é essencial que façamos a nossa lição de casa em termos de gestão econômica. Temos um enorme potencial para crescer ainda mais se soubermos aproveitar as oportunidades de forma organizada”, concluiu Serigati.

A visão otimista do especialista reflete a resiliência do agronegócio brasileiro, que, apesar dos desafios impostos por fatores econômicos internos e externos, tem demonstrado capacidade de adaptação. Com práticas de gestão sólidas e um planejamento estratégico voltado para a realidade de cada segmento, o setor pode se fortalecer e manter o Brasil como um dos líderes globais na produção e exportação de alimentos.


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