Segundo Serigati, a recente elevação da taxa Selic, que subiu 0,25 ponto percentual, reflete o esforço do Banco Central em conter a inflação, que tem se acelerado devido ao aquecimento da economia e a uma política fiscal expansionista. Ele destaca que o momento atual é o de maior expansão fiscal desde 2010, o que aumenta a demanda econômica e pressiona os salários para níveis acima da produtividade, afetando diretamente os custos de produção, especialmente em setores como o de proteína animal.
A alta dos juros também exerce pressão sobre o crédito agrícola, tornando-o mais caro e dificultando investimentos no campo. Além disso, a inflação dos insumos agrícolas, como fertilizantes e sementes, agrava a situação e força os produtores a reverem suas estratégias de investimento e controle de custos.
Diante desse cenário, Serigati recomenda que os produtores rurais façam uma análise detalhada de suas operações. Ele sugere que setores como a pecuária, que apresentam margens mais confortáveis, podem vislumbrar uma recuperação a partir de 2025, enquanto culturas como o milho exigem uma postura mais cautelosa. “Cada produtor deve avaliar sua realidade e planejar os ajustes necessários, o que pode incluir desde a redução da área plantada até a revisão do nível tecnológico empregado nas lavouras”, destacou.
Serigati também ressaltou a importância de uma gestão criteriosa, baseada em informações sólidas. Para enfrentar os desafios, ele aconselha a adoção de estratégias alinhadas às particularidades de cada mercado, considerando fatores como o comportamento dos preços das commodities e as condições climáticas.
Apesar da recente estabilização da inflação dos alimentos, o pesquisador alertou que essa estabilidade ainda é frágil e pode ser comprometida por variáveis externas, como o câmbio e o mercado internacional. “O câmbio afeta diretamente a rentabilidade das exportações. Um dólar a R$ 5,60 é muito diferente de um a R$ 4,90, o que impacta os produtores, especialmente na hora de adquirir insumos”, explicou Serigati.
Embora a desvalorização do real possa favorecer as exportações em alguns momentos, o aumento dos custos de produção, principalmente com insumos importados, exige planejamento cuidadoso e flexibilidade dos produtores para manter o equilíbrio financeiro.
Apesar das adversidades, Serigati mostrou-se otimista em relação ao futuro do agronegócio brasileiro. Ele acredita que, com uma gestão eficiente e uma visão estratégica, o setor pode superar o cenário econômico adverso e continuar crescendo. “O Brasil está bem posicionado entre as economias emergentes, mas é essencial que façamos a nossa lição de casa em termos de gestão econômica. Temos um enorme potencial para crescer ainda mais se soubermos aproveitar as oportunidades de forma organizada”, concluiu Serigati.
A visão otimista do especialista reflete a resiliência do agronegócio brasileiro, que, apesar dos desafios impostos por fatores econômicos internos e externos, tem demonstrado capacidade de adaptação. Com práticas de gestão sólidas e um planejamento estratégico voltado para a realidade de cada segmento, o setor pode se fortalecer e manter o Brasil como um dos líderes globais na produção e exportação de alimentos.