A fibra da dieta tem papel importante na nutrição de bovinos, tanto do ponto de vista de fornecimento de nutrientes, energia em especial e no auxílio da saúde ruminal. Dietas ricas em fibra, normalmente são menos calóricas e proporcionam menores ganhos de peso, porém são dietas mais seguras, saudáveis e que promovem um melhor funcionamento ruminal. O equilíbrio e a adequação da fibra na dieta, a fonte, composição e seu tamanho têm influência no bom funcionamento ruminal.
A fibra é usada como fonte de energia pelos microrganismos do rúmen, na forma de carboidratos, e tem sido usada para caracterizar alimentos e para estabelecer limites máximos de ingredientes nas rações. A fibra é essencial, já que os ácidos graxos voláteis (AGV) produzidos pela fibra durante a fermentação ruminal são as principais fontes de energia para o animal em pastagem.
As características nutritivas dos carboidratos das forrageiras dependem dos açúcares que os compõem, das ligações entre eles estabelecidas e de outros fatores de natureza físico-química. Assim, os carboidratos das plantas podem ser agrupados em duas grandes categorias conforme a sua menor ou maior degradabilidade, em estruturais e não estruturais, respectivamente. Os carboidratos estruturais são os principais componentes das fibras propriamente dita e podem ter degradabilidade em função de sua composição.
O carboidrato não fibroso (CNF) representa a fração dos carboidratos que são degradados rapidamente no rúmen, dentro desta classificação encontram-se o amido, açúcares e pectinas. Carboidrato fibroso (CF): representado principalmente pela celulose e hemicelulose, ocupam espaço no trato digestório do animal e são responsáveis principalmente por promover a mastigação, salivação, ruminação, afim de reduzir o tamanho de partículas. A presença de lignina diminui sua digestibilidade.
Além da produção de AGV, a fibra é responsável pela efetividade e fibrosidade, melhorando o funcionamento ruminal e influenciando na digestibilidade dos alimentos e consequentemente no consumo animal. O conhecimento de suas frações, de acordo com a degradabilidade, mais lenta ou mais rápida, em dietas balanceadas permite o seu melhor aproveitamento e uso dos nutrientes.
A determinação de sua composição está atrelada aos métodos laboratoriais disponíveis para a sua análise, portanto sempre estará associada as determinações aos níveis de fibra em detergente neutro (FDN), já que esta fração é a que apresenta maior correlação nutricional com o tipo de fibra a ser empregado na formulação de dietas para ruminantes.
A FDN fisicamente efetiva está relacionada com as propriedades físicas da fibra (principalmente o tamanho da partícula) que estimula a atividade de mastigação e estabelece uma estratificação bifásica dos conteúdos ruminais (uma camada flutuante de grandes partículas em uma piscina líquida com pequenas partículas).
A presença de fibra no alimento diminui sua densidade energética (NDT) (Figura 1, Detmann, 2003), porém esse componente tem papel importante no bem-estar de ruminantes. As dietas cada vez mais energéticas tem que estar balanceadas com diferentes fontes de fibras combinadas para melhorar a efetividade desta no rúmen e proporcionar melhor aproveitamento dos nutrientes.
Dietas ricas em amido e óleo diminuem a degradação das fibras e isso deve ser ajustado para melhor degradação ruminal das fibras. Dietas onde a adaptação é bem-feita, com uso de aditivos e tamponantes podem proporcionar melhor saúde ruminal e elevado desempenho, mesmo com o pouco uso de fibra na dieta.
A fibra diminui a energia da dieta, porém é fundamental para o bom funcionamento ruminal e saúde do animal.