03/06/2024 às 09h01min - Atualizada em 03/06/2024 às 09h01min
Preço do leite ao produtor registra sexta alta mensal consecutiva, chegando a R$ 2,45/litro em abril
Redução da produção e disputa entre laticínios e cooperativas sustentam valorização, mas movimento deve perder força a partir de junho
- Da Redação, com Cepea
Foto: reprodução O preço do leite captado em abril registrou aumento de 5,1% frente ao mês anterior, chegando a R$ 2,4576/litro na "Média Brasil" do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Trata-se da sexta alta mensal consecutiva. Assim, na parcial deste ano, o preço do leite ao produtor acumula avanço real de 18,7% (os valores foram deflacionados pelo IPCA de abril).
A valorização do leite ao produtor segue sendo explicada pela redução da produção. O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea registrou queda de 0,37% de para março para abril; e, no acumulado do ano, a baixa é de 7,8%. Além dos menores investimentos dentro da porteira no final do ano passado, o avanço da entressafra no Sudeste e no Centro-Oeste e o atraso da safra do Sul, devido ao clima adverso, têm prejudicado a oferta do leite cru.
Consequentemente, a disputa entre laticínios e cooperativas por fornecedores para garantir o abastecimento de matéria-prima seguiu intensa, sustentando o movimento de valorização. E esse cenário deve se manter também em maio, reforçado pelas altas consideráveis nos preços do leite spot e pela especulação de agentes de mercado, tendo em vista os impactos negativos das enchentes do Rio Grande do Sul sobre a atividade pecuária leiteira do estado.
Contudo, esse movimento altista pode perder força a partir de junho, em decorrência de uma combinação de fatores. Primeiramente, a oferta do leite cru tende a se recuperar, ainda que de forma lenta, e o incremento da margem do produtor nesses últimos meses deve favorecer a captação. Além disso, os laticínios relatam dificuldades em realizar o repasse da alta do campo aos preços dos derivados, o que pode resultar em menor espaço para novas altas nos valores pagos aos produtores.
As importações também continuam sendo um fator de pressão sobre o mercado lácteo, com crescimento de 15% no primeiro quadrimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2023.